Gustavo Maia Gomes
Os que acompanham o jornalismo (ou
deveria dizer, no caso, revistismo?) brasileiro sabem que Mino Carta nos deu
importante contribuição. Sua carreira inclui passagens, em posições destacadas,
por publicações como Quatro Rodas, Veja e Istoé – todas revistas de alta
qualidade técnica e duradouro sucesso comercial. Nos últimos anos, entretanto,
na minha particular avaliação, o homem tornou-se, apenas, um chato a mais, no
meio de tantos.
Comercialmente falando, sua revista
Carta Capital é uma anã, comparada às outras que ele ajudou a construir. Posso
admitir que não seja por isso – mas por fidelidade a elevados princípios – que
Mino Carta apoia Lula da Silva e morre de amores por Dilma Roussef.
Também pode
ser falsa a suspeita de que conveniências pecuniárias expliquem suas repetidas
demonstrações de admiração pelas realizações do PT, assim como os panos quentes
que sempre coloca nas repetidas evidências de corrupção generalizada praticada
pelos petistas.
Esta semana, finalmente, Mino Carta
entregou os pontos. Sua atitude merece elogios. Sobretudo, se ela tiver sido
motivada pela sua fidelidade aos elevados princípios da decência e moralidade.
Copio, abaixo, alguns trechos do
Editorial da Carta Capital. Eles não representam adequadamente o inteiro teor
do texto – pontilhado de mais-mais-menos-menos, como é próprio de quem não
queria dizer o que está dizendo – mas são os mais significativos, dada a
história de quem os escreveu.
“O PT não é o que prometia ser. Foi
envolvido antes por oportunistas audaciosos, depois por incompetentes
covardes.”
“Era o PT uma agremiação de nítida
ideologia esquerdista. O tempo sugeriu retoques à plataforma inicial e a
perspectiva do poder, enfim ao alcance, propôs cautelas e resguardos
plausíveis. Mantinha-se, porém, a lisura dos comportamentos, a limpidez das
ações. E isso tudo configurava um partido autêntico, ao contrário dos nossos
habituais clubes recreativos”.
“O PT atual perdeu a linha, no sentido
mais amplo. Demoliu seu passado honrado. Abandonou-se ao vírus da corrupção,
agora a corroê-lo como se dá, desde sempre com absoluta naturalidade, com
aqueles que partidos nunca foram”.
(Todos os trechos aspeados são de Mino
Carta, “Editorial”. Carta Capital, 4/12/12)
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