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Voltaire me lembra o "irmão" marista José, que mantinha uma disputa pessoal com o francês |
Respeitados
os limites de tempo e de lugar, acho que tive ótimos professores no curso de graduação
em economia (Universidade Católica de Pernambuco, 1967-70). Em ordem
alfabética, destaco alguns que já eram ou vieram a se tornar profissionais de
primeira linha, nas suas respectivas especializações: Carlos Osório, Clóvis
Cavalcanti, Cristóvam Buarque, Fernando Antonio Gonçalves, Jorge Jatobá, José
Jorge Vasconcelos, Olímpio Galvão, Telmo Maciel, Vernon Walmsley e Vicente de
Paulo Soares.
Esses
eram ótimos, mas havia os não tão bons. O de História, por exemplo, de cujo
nome não me recordo, nem citaria, deixava a desejar. Lembro de uma aula em que
ele escreveu no quadro verde (ou “lousa”, como preferem os paulistas): “Causas
da Revolução Francesa: Montesquieu, Voltaire e Rousseau”. Devo confessar que o
desdobramento do assunto não nos levou muito além da desastrada introdução.
Eu
já era um leitor razoavelmente assíduo, nessa época, de modo que as três “causas”
da Revolução Francesa faziam parte de minha biblioteca particular. Voltaire,
especialmente, era um conhecido de longa data, pois o “irmão” José, um de meus
professores no Colégio Marista (Recife, 1958-64), não deixava seus alunos
esquecerem o gênio francês que havia cometido o sacrilégio de chamar a Igreja
Católica de “A Infame”.
Meio
gago, José era revoltado com Voltaire e sempre se atrapalhava ao falar nele.
Sua indignação o fazia ruborizar e tropeçar nas palavras, mais ainda do que sempre.
Mas ele tinha uma arma fatal contra o autor de Cândido ou o Otimismo: “Voltaire,
o maior inimigo da Igreja, disse que se Deus não existisse, seria preciso inventá-lo”.
Não
ocorria ao “irmão” que bem pode ter sido o caso.
Gustavo Maia Gomes
Recife, 4 de março de 2014
(Treze anos, hoje, irrestritamente felizes com a mulher de minha vida: Maria de Lourdes de Azevedo Barbosa)
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