Gustavo Maia Gomes
(1/12/2017)
A
foto célebre da marcha dos “18 do Forte” pela Avenida Atlântica, Copacabana,
Rio de Janeiro, 6/7/1922. Aparecem os tenentes Eduardo Gomes, Siqueira Campos e
Newton Prado, acompanhados do civil Otávio Correia. Foto trazida de O Globo. Em
https://oglobo.globo.com/cultura/livros/tenentes-em-marcha-movimento-que-sacudiu-brasil-nos-anos-1920-19860860#ixzz50269cTCt
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Recebi há três dias, e a li com enorme interesse, a memória familiar escrita em 2011 pela prima distante Judith, bisneta de Leonardo Kuhn (1830-1903, meu trisavô), neta de Cornelio Otto, filha de Dagoberto.
Todos, inclusive Judith – que mora no
Rio de Janeiro, como o fizeram seu pai e seu avô –, conservaram o sobrenome
Kuhn, trazido da Suíça para o Recife por Leonardo, em ano próximo a 1850. Um
documento precioso, o da prima carioca, cuja leitura me estimulou a escrever o
texto abaixo.
Em 1922, um ano para não ser
esquecido, aconteceram a revolta tenentista (ou “Os 18 do Forte de
Copacabana”), a Semana de Arte Moderna (em São Paulo), as fundações do Partido
Comunista Brasileiro e do Centro Dom Vital (influente associação de pensadores
católicos), o centenário da Independência, e a tumultuada sucessão de Epitácio
Pessoa (presidente da República de 28/7/1919 a 15/11/1922) por Arthur Bernardes
(15/11/1922 a 15/11/1926).
Quatro personagens dos livros “Um
Trem para Branquinha” (já entregue à editora, com publicação prevista para o
primeiro trimestre de 2018) e “Uma Noite em Anhumas” (ainda sendo escrito),
todos parentes meus, cruzaram suas histórias com os acontecimentos de 1922, no
Brasil e, especialmente, no Rio de Janeiro. Foram eles:
(1) O padre Francisco Raimundo da Cunha Pedrosa (1847-1936), vigário de Escada
(PE), cuja carta (tornada pública, com ampla repercussão) ao seu amigo e
presidente Epitácio Pessoa reclamando contra a interferência do governo federal
na sucessão do governo de Pernambuco foi um dos fatores que deflagaram a
punição do marechal Hermes da Fonseca (então presidente do Clube Militar) e a subsequente
revolta tenentista de 1922.
(2) O seu irmão senador Pedro da Cunha Pedrosa (1863-1947),
apoiador incondicional de Epitácio, de quem era uma espécie de líder informal,
e que presidiu o Senado Federal naqueles dois dias fatídicos (5 e 6/7/1922) da
Revolta Tenentista, quando a maioria dos senadores preferiu ficar em casa
aguardando quem sairia vitorioso do confronto, se o governo ou os tenentes
sublevados, para, então, se alinhar com o lado vencedor.
(3) O engenheiro militar Cornélio Otto Kuhn (1872-1946). Sua
participação foi indireta: ele havia sido um dos responsáveis pela construção
do Forte de Copacabana (inaugurado em 1914), em cujas dependências, ainda hoje,
há uma placa com o seu nome e o dos outros quatro integrantes da comissão
responsável pelas obras.
(4) O também engenheiro militar Antonio Leonardo de Araújo Pedrosa (1895-1965),
sobrinho de Cornélio, que participou do levante tenentista (permaneceu no Forte
de Copacabana, durante a revolta), tendo sido, inclusive, preso após o malogro
do movimento.
O episódio dos 18 do Forte de
Copacabana marcou o clímax da revolta tenentista de 1922. Outras revoltas se
seguiriam: a de 1924, em São Paulo e no Rio Grande do Sul; a Coluna Prestes de
1925-27, e, finalmente, a Revolução de 1930, que derrubou a Primeira República
e levou Getúlio Vargas ao poder.
As fotos anexas dão
uma ideia de como era o Rio de Janeiro (mais precisamente, Copacabana) nos anos
próximos a 1922. Dos quatro personagens referidos acima, somente o padre
Francisco Raimundo não residia na então Capital Federal, na época dos
acontecimentos aqui focados.
Fachada
do Forte de Copacabana nos anos 1920. Em Portal Duo, http://portalduo.com/forte-de-copacabana-reserva-visita-a-historia-e-vista-privilegiada-das-praias/ .
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Banhistas
em Copacabana, 1924. Foto colhida no Blog Copacabana em Foco. https://ama2345decopacabana.wordpress.com/planejamento-urbano/processo-de-urbanizacao-em-copacabana/
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Hotel
Copacabana Palace na década de vinte. Note-se a existência de um pequeno morro
ao lado direito do hotel. Ele viria a ser posto abaixo alguns anos depois, para
a construção da piscina. (Foto colhida no Blog Um Postal por Dia, https://umpostalpordia.wordpress.com/tag/anos-20/)
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