Gustavo Maia Gomes
(30/11/2017)
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Capa
do livro de Marília Calheiros Guerra,
neta de José Maia Gomes.
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Nas suas memórias, Marília Calheiros
Guerra conta que, em 1932, um bando de ciganos se chegou à principal fazenda do
coronel e usineiro José Maia Gomes (1874-1946), em Alagoas. Não era a primeira
vez, nem seria a última.
O velho não gostava daquela gente. Deu ordens para que os ciganos fossem
expulsos. Foi afrontado pela mulher mais velha do grupo: “Homem orgulhoso,
desalmado, um dia verá tudo isso ir por água abaixo. Perderá tudo, não ficará
com um punhado dessa terra, um dia isso há de acontecer”.
José Maia Gomes, de quem Marília Maia
Gomes Calheiros (o nome de solteira da memorialista) era neta, foi meu tio-avô.
"Coincidência ou não [foi o que
aconteceu]. As terras foram saindo das mãos dos descendentes do coronel. Após sua
morte, os filhos levaram, por algum tempo, a usina [Campo Verde] adiante. [O
tio Manuel Maia Gomes] tentou evitar a falência, mas, não o conseguindo,
concordou em entregar a usina ao Banco do Brasil para pagar as dívidas”.
No auge de sua vida econômica, José
Maia Gomes chegou a possuir terras que se estendiam pelos municípios de
Branquinha, Murici e União dos Palmares, na zona canavieira de Alagoas. Ao
morrer, deixou três propriedades para cada um dos sete filhos. Marília
continua:
“Uns preferiram vendê-las, outros
nelas trabalharam por algum tempo (plantando cana para outras usinas). A última
delas, a “Guanabara”, que coubera a tia Nadir e seu esposo Luís Gomes, foi
dividida entre os irmãos Beroaldo [Maia Gomes Rego] e Amauri, após o
falecimento dos pais. A do primeiro foi vendida para saldar compromissos; a do
segundo, após sua morte e da esposa, ficou com a família desta, por falta de
filhos do casal”.
“E assim”, concluiu Marília Guerra,
que morava no Recife, mas cujas férias de criança e adolescente eram sempre
passadas nas propriedades do avô, “o último palmo de terra, da boa e generosa
terra da [usina] Campo Verde deixou de pertencer aos Maia Gomes”.
A maldição da cigana havia se
realizado.
(Citações de Marília Calheiros
Guerra, Retalhos do Passado. Recife, Ed. Autor, 2007, págs. 172-74.)
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