Escreve
Fernando Gabeira (“Onde está tudo aquilo agora?”, p. 30): “O existencialismo
francês do pós-guerra [leia-se, principalmente, Jean-Paul Sartre (1905-80)] exercia
fascínio não só pelas suas idéias mas também pela atmosfera boêmia que o envolvia”.
Vivi um
pouco da moda sartreana, mas nunca me envolvi muito nela. Como boêmio, fui uma
nulidade; como leitor, seus livros não me entusiasmavam. Apesar disso, a
influência de Sartre entre alguns de meus amigos foi grande, em meados da
década de 1960.
Na época, os
autores que eu lia compulsivamente eram Bertrand Russell (1872-1970), Franz
Kafka (1883-1924) e Erich Fromm (1900-80). Dos três, o último – um psicanalista
e sociólogo que tentava combinar criticamente o pensamento de Freud e o de Marx
– é o menos conhecido hoje. Nos anos 1960 e 1970, entretanto, seus livros
vendiam como água no Sertão.
Em
retrospecto, acho que Sartre foi, em larga medida, uma fraude. É o que,
aparentemente, também pensa Fernando Gabeira (p. 31), quando se refere ao
filósofo francês como “um dos mais eloquentes teóricos da Resistência [à
ocupação nazista] sem [jamais] ter se metido nela”.
Gustavo Maia
Gomes
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