Gustavo Maia
Gomes
Meu pi, Mauro Bahia de Maia Gomes, de terno branco, no centro. |
Em 13 de maio de 1891, cumprindo ordem deixada por Rui Barbosa (que tinha sido, já não era, ministro), todos os livros de matrícula, controle aduaneiro e recolhimento de tributos existentes no Ministério da Fazenda que contivessem referências a transações com escravos foram queimados.
A
ideia era apagar vestígios passíveis de serem utilizados em processos de
indenização movidos pelos antigos proprietários de escravos. Muito bem: a intenção pode ter sido boa, mas o fato é que, com sua
colocação em prática, perderam-se documentos preciosos para nossa História.
Em 15 de março de 1947, houve em Pernambuco (possivelmente,
também em outros estados) episódio semelhante: a queima dos prontuários
político-policiais herdados da ditadura varguista. Destruíram-se mais de 1.500
fichas com informações sobre pessoas consideradas inimigas do regime deposto em
29 de outubro de 1945.
Meu pai, Mauro Bahia de Maia Gomes, à época, Delegado de
Vigilância e Costumes do Estado, testemunhou a queima (Diário de Pernambuco,
16/3/1947, pág. 3). Apenas, esteve presente, como a reportagem deixa claro. De
qualquer forma, se envolveu na lamentável repetição do erro que havia sido
cometido por Rui Barbosa, sessenta anos antes.
A relação completa dos nomes a que os prontuários destruídos se
referiam foi publicada em sucessivas edições do Diário de Pernambuco. Adorei
percorrê-la e nela descobrir nomes que me soam familiares, pela importância que
já tinham ou viriam a ter na vida política e intelectual do meu Estado.
Voltarei ao assunto, aqui (nos próximos dias, mas sempre de
forma breve) e no livro que ora escrevo, Uma Noite em Anhumas, no qual um dos
capítulos terá Mauro Bahia de Maia Gomes como personagem principal.
(Publicado no
Facebook em 13/7/2017)
Nenhum comentário:
Postar um comentário