22 de agosto · Recife ·
A
"eficácia na redução da pobreza", de programas de transferência de
renda focados nos mais necessitados — como o Bolsa Família — é tida, hoje, como
verdade universal.
Um
silogismo simples, alegam os crentes, demonstraria a tese: Sócrates é pobre
(renda = x); passou a receber a Bolsa Família (y); logo, ficou menos pobre
(renda = x + y).
Eu devo ser muito burro para não conseguir
acompanhar e me submeter a esse raciocínio, como hoje fazem quase todos os
economistas. Inclusive, os bons.
Acontece
que fui criado por dona Stella, livre pensadora, e cresci lendo Voltaire,
Bertrand Russell, Nelson Rodrigues. Essa gente detestava seguir o rebanho.
Além
disso, aprendi com meu tio Hermano Pedrosa e com Adam Smith que a riqueza de
uma pessoa, família ou povo se faz com trabalho, conhecimento e iniciativa. Não
com esmolas.
E
mais: estudei em colégios católicos (Marista, Salesiano). Convenci-me de que, se
o Óbulo de São Pedro curasse pobreza, depois de dois mil anos, já estaríamos
todos ricos.
Mas,
dirão vocês — e o silogismo? — Aquele que, aristotelicamente,
"demonstra" a bondade do Bolsa Família? Também posso inventar um,
capaz de provar o oposto. Ei-lo:
Sócrates
é pobre (renda = x); ele passou a receber a Bolsa Família ( = y, sendo y <
x); satisfeito, deixou de trabalhar (x caiu para zero); logo, Sócrates ficou
MAIS POBRE (renda = y).
Nenhum comentário:
Postar um comentário