10 de setembro · Recife ·
Acabo
de ler os primeiros dois parágrafos de uma longa postagem colada
(aprovativamente, suponho) na página do Facebook de certa pessoa por quem tive
e tenho imensa consideração, embora a vida haja feito nossos caminhos
divergirem há mais de vinte anos.
O texto colado defende a tese de que o depoimento
de Antônio Palocci foi o de um ventríloquo, que as perguntas e as respostas
dele foram ensaiadas com o juiz Sérgio Moro, em sua obsessiva perseguição a
Lula da Silva. O autor da peça sustenta, naturalmente, que o grande líder é
inocente; todas as acusações contra ele não passando de uma conspiração.
Li
somente uma pequena parte do texto. Não pude continuar. Ele me trouxe de volta
as mais antigas lembranças pessoais que ainda guardo. Quando eu tinha quatro
anos, imaginava que as pessoas não eram o que fingiam ser em minha presença.
Que suas vidas reais eram completamente outras. Por alguma razão, diante de
mim, elas representavam aqueles papéis.
É
mais ou menos isso o que o escritor não identificado e minha amiga que lhe
reproduziu o texto sustentam estar acontecendo com Lula. Já deve passar de
trinta o número de pessoas, muitas delas, próximas ao ex-presidente, que lhe
acusaram de ter cometido crimes graves. Essas pessoas contam histórias
coerentes. Confessam ter participado dos atos de corrupção. Dão detalhes. Incriminam-se,
portanto.
Mas,
é tudo mentira, argumentam os crentes. Como as pessoas que me cercavam quando
garoto, todo mundo resolveu encenar uma peça em torno de Lula. Não interessa a
elas provar a própria inocência. Ao contrário, preferem inventar provas contra
si mesmas, contanto que façam parecer real a mentira coletiva montada,
exclusivamente, para destruir o grande líder.
A
essas reflexões, que me entristecem, dei o título "Um dia depois..."
Depois do quê? Eis o que eu queria dizer: os seguidores do líder religioso Lula
vão, finalmente, reconhecer que adoraram um criminoso um dia depois... de
nunca.
Teremos
de conviver com isso. Há quem acredite na volta do rei português Sebastião,
morto no século XVI. Ainda haverá quem creia na pureza de Lula daqui a 500
anos. Se essa idiotia coletiva degrada a inteligência humana, paciência. A mim
me basta que o grande farsante seja condenado pela Justiça e vá cumprir sua
pena. Sem tornozeleira, faz favor.
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