27 de agosto · Recife ·
The
Lost City of Z (A Cidade Perdida), filme dirigido por James Gray, conta a
aventura no Brasil de Percy H. Fawcett (1867-1925?), explorador inglês. Havia
essas lendas de uma civilização pre-cabralina cheia de ouros e pratas. O inglês
acreditou nelas. Encontrou patrocínios e veio para a selva tropical, em três
ocasiões.
Em
1925, Fawcett desapareceu nos interiores próximos à Serra do Roncador, Mato Grosso.
Foi, provavelmente, assassinado pelos índios. Um livro (de David Grann, 2009)
tratou do assunto. Agora, vem James Gray e faz esse filme. Desperdiçou uma bela
história. Ao terminar de assisti-lo, descobrimos que, além da cidade, o diretor
também está perdido.
O pior é ver os personagens (supostamente, reais),
em suas andanças pelas selvas brasileiras no início do século XX, declamarem o
discurso do politicamente (e ecologicamente) correto.
Ao
deparar com quatro pés de milho cultivados pelos índios canibais, Fawcett diz
para seu ajudante, mais ou menos, o seguinte: "E nós [ingleses] dizendo
que eles são selvagens". Quando fica sabendo que os americanos preparam
uma expedição em busca da cidade perdida, sai com esta: "o perigo é eles
destruírem o [povo] que querem encontrar".
Ao
ver um índio jogar no rio um líquido branco, o explorador esclarece ao público
que "o veneno embriaga os peixes. Eles pegam somente os que necessitam
para comer". (A sugestão implícita é que nós, assassinos da natureza,
lançamos ao mar aqueles navios enormes apenas para matar os peixes e, em
seguida, pendurá-los na parede.)
E
por aí vai. Nenhuma palavra sobre a m. de vida que aqueles selvagens levavam;
silêncio total para a natureza devastadora da agricultura praticada pelos
índios; mentira aberta sobre o veneno que não mata os peixes, "apenas os
embriaga".
Naturalmente,
o diretor perdido calculou que ia ganhar boas resenhas obrigando Fawcett a
declamar as idiotices que somente viriam a se tornar moda quase cem anos mais
tarde.
Mais
uma vez, somos todos tratados como imbecis pelos ideólogos do politicamente
correto. Que vão todos apertar a mão de Mickey Mouse na Disneyworld. Eu tô
fora.
(PS.
Em 2015, escrevi no meu blog sobre a "cidade perdida". Três páginas
do artigo valem mais do que duas horas do filme que assisti ontem, ao lado
de Lourdes Barbosa.)
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