Bertrand
Russell (1872-1970) é um de meus filósofos prediletos. Para demonstrar que
Matemática e Lógica são a mesma coisa, ele e Alfred Whitehead escreveram
Principia Mathematica, talvez o mais incompreensível livro do século XX —
excluídos, claro, os dos economistas franceses.
Não
gosto dele por causa de um livro que nunca consegui ler, mas devido ao que
escreveu depois. Voltou-se para questões sociais e de costumes. (Seu livro O
Casamento e a Moral, de 1929, ainda pode ser lido com prazer.) Uma espécie de
Voltaire ressuscitado, Russell foi sarcástico, brilhante e, acima de tudo,
intelectualmente honesto.
Para testar suas ideias, vivia inventando ou
recolhendo paradoxos lógicos. Cada vez que encontrava um e não o conseguia
resolver, mais abalada ficava sua crença na tese de que Matemática e Lógica
eram uma coisa só. Terminou desistindo daquilo e escrevendo coisas mais
compreensíveis.
Lembrei-me
de Bertrand Russell ao ler, ontem (5/9), a nota de Joesley Ladrão Batista e seu
fiel escudeiro Ricardo Larápio Saud a respeito da gravação de sua conversa
sobre procuradores da República, ministros do Supremo, etc. Na declaração
escrita, os dois juram que era tudo mentira o que haviam dito na declaração
oral.
Foi
quando me apareceu Bertrand Russell dizendo: "Conta pra eles o paradoxo do
mentiroso". É o seguinte: uma pessoa diz "eu minto". Se a frase
for verdadeira, será falsa, já que foi dita por uma pessoa que mente. Se for
falsa, será verdadeira, já que foi dita por uma pessoa que não mente.
Russell
não disse, mas teria pensado: "bota na cadeia essa gente toda que mente
quando diz a verdade e diz a verdade quando mente. Quem sabe, vendo o sol
nascer quadrado, eles conseguem provar o que eu nunca consegui ".
Nenhum comentário:
Postar um comentário