9 de agosto · Recife ·
Antes
de ir à Argentina, onde estive com Lourdes Barbosa em 17 e 18/7 e (depois de
uma curta estadia no Uruguai) entre 22 e 27/7, decidi ler um pouco sobre a
história daquele país.
Já
tinha em casa, fazia algum tempo, “Argentina since Independence”, organizado
por Leslie Bethel. Esse nome e o fato de ter sido o livro extraído da
“Cambridge History of Latin America” davam garantias de qualidade. Não me
decepcionei.
As linhas gerais da história política e econômica
dos nossos vizinhos já me eram conhecidas, mas não em detalhes importantes.
Impressionaram-me, na leitura de “Argentina since Independence”, sobretudo:
(a)
as semelhanças na forma de atuação política entre os caudilhos argentinos e os
clássicos coronéis brasileiros, sobretudo, no final do século XIX e início dos
anos 1900;
(b)
a instabilidade política e as repetidas “revoluções” provinciais, quase todas,
sangrentas, especialmente, ao longo do século XIX, ou até 1880, para ser mais
preciso;
(c)
o extraordinário ciclo de crescimento econômico persistente e elevado (algo
como 5,5% ao ano) vivido pela Argentina, grosso modo, entre 1880 e 1914;
(d)
as dimensões da imigração europeia, especialmente, de espanhóis e italianos,
ocorrida nas últimas décadas do século XIX e primeiros anos do século XX.
Dessa
última, dou um exemplo: “Na cidade de Buenos Aires [1914], os imigrantes
empregados no comércio e na indústria representavam 72,5% e 68,8% dos totais
respectivos” (“Argentina since Independence”, pág. 85).
No
país como um todo, as percentagens de trabalhadores nascidos no Exterior eram
menores (62,1% no comércio; 44,3% na indústria; 38,9% na agricultura e
pecuária) mas, ainda assim, elevadíssimas. Claro que São Paulo e o Brasil,
nessa mesma época, também receberam contingentes enormes de europeus, mas não
nessas proporções.
Em
Buenos Aires, comprei o "Soy Roca", de Félix Luna, um ensaio escrito
na primeira pessoa, como se fora uma autobiografia do militar e político Julio
Argentino Roca (1843-1914). Ainda não terminei a leitura, mas já posso dizer
que é um dos melhores livros que conheci nos últimos cinco ou dez anos. Falarei
dele em outra ocasião.
Já
havia comprado, em Montevidéu, “América Latina y la Gran Guerra: El Adiós a
Europa. Argentina y Brasil, 1914-1939", de Olivier Compagnon. Parece bom,
mas ainda nem o abri direito.
Viagens
e livros sempre deveriam estar juntos.
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