Gustavo Maia Gomes
Fui a Salvador, antes de tudo,
conhecer os parentes que tenho por lá: Neusa Calheiros Maia Gomes, filha de
Fernando Maia Gomes (1885-1972), sua filha Ana Paula, e as netas e bisnetas de
Alípio Maia Gomes (1878-1916). Os irmãos Fernando e Alípio foram meus
tios-avôs. Em “O Trem para Branquinha” (2018) dediquei dois capítulos a eles.
Um para cada.
Alípio nasceu provavelmente em
Branquinha (AL) no engenho Campo Verde de seus pais Manoel Gomes dos Santos
(1841-1925) e Tereza de Jesus Maia (c.1851-c.1930), mas viveu a maior parte de
sua vida adulta na Bahia.
Ele chegou a Salvador em 1897,
a fim de estudar Medicina. (Formou-se em 1903.) Espírita, republicano e maçom,
ofereceu-se para cuidar dos feridos da Guerra de Canudos, que acontecia naquele
mesmo ano no Sertão. Fez isso com muita dedicação, segundo relataria mais tarde
o sogro Sergio Cardozo (1858-1933). Meu tio-avô foi, também, um homem de
atividade jornalística intensa, exercida, primeiro, em Maceió e, depois, na
cidade de Santo Amaro (BA), onde viveu seus anos de adulto.
Do primeiro casamento, com
Luíza Pires Guimarães Brandão (1887-1910), Alípio teve dois filhos: Elmano, de
cuja história nada consegui saber, e Mario Brandão Maia Gomes (1906-43),
jornalista, escritor, amante das mulheres e da boemia, um homem de vida
rocambolesca e, ao final, trágica. Não deixou filhos à posteridade. (Dedico a
Mario um capítulo inteiro no livro “Uma Noite em Anhumas”, a ser publicado em
2020.)
Depois da precoce morte de
Luíza, Alípio casou-se com Elisette Cardoso (?-?). Desse segundo casamento,
nasceram Luiz, Francisco, Inah e Yara, todos já falecidos. Em Salvador, conheci
quatro filhas de Iara (portanto, netas de Alípio): Amazonina,
Elisa, Elisete e Iara. Também conheci Rose Caymmi (filha de Elisa). Não pude
encontrar Sulamita,
filha de Amazonina, com quem, entretanto, tenho frequentes contatos via
Facebook. Nem Marília Muricy,
filha de Inah.
Tendo falecido no mesmo ano em
que meu pai nasceu (e, longe de sua terra natal), Alípio não era muito lembrado
em minha casa de menino e rapaz. Até recentemente eu, de fato, desconhecia sua
existência no passado. Mesmo assim, a viagem à Bahia teve o gosto proustiano de
uma busca do tempo perdido. E valeu.
Agradeço muito a calorosa
recepção que Lourdes Barbosa e
eu tivemos ali. E, em especial, a presença de Neusa (lúcida e animada nos seus
97 anos) no almoço da família, assim como o convite para o jantar feito (e
atendido) por Elisete e o marido Alberto
Guerreiro (uma unanimidade do bem, pelo que pude perceber).
(Publicado
no Facebook, 20/9/2019)
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