Gustavo Maia Gomes
Mandei descascar a parede
frontal da casa onde moro, a mesma (embora já muito reformada) adquirida por
meu pai em 1950. Apareceram cal, tijolos, cimento e história. Nem toda, claro,
mas, o que não está na pedra, encontrei em jornais antigos. Somando as coisas,
tenho isto a dizer.
Os tijolos originais, maciços,
enormes, pesadões, medindo 28x14x6 cm, foram assentados, provavelmente, em
1927. Nesse ano, localizei anúncios de casas para alugar na Rua Moura Esteves,
Recife. O nome da rua mudou, porém a descrição dos seus espaços internos e
externos corresponde à das que eu conheci quando menino.
Hoje, estão quase todas
reformadas, mas devem ter sido construídas simultaneamente e oferecidas em
bloco para aluguel. Em 1950, foram postas à venda – mais uma vez, várias delas
ao mesmo tempo. Três foram compradas por pessoas que se conheciam entre si: meu
pai (Mauro Bahia de Maia Gomes) e os irmãos Marcos e Marcelo Aguiar.
Em 1964, Mauro fez uma
primeira grande reforma na casa. Na parte alta da terceira foto, aparece parte
da marquise adicionada nesse ano. Nas demais fotos, os tijolos maciços são,
como disse, de 1927 (ou ano anterior, porém próximo), os com furos, de cor mais
intensa, foram incorporados em 2003 e em 2005, já durante a minha
administração.
No lado esquerdo das fotos 1 e
2 havia um pequeno terraço, que resolvi incorporar aos quartos; no centro, mais
acima, a antiga janela foi eliminada (transferida para outra parede). À
direita, os tijolos mais novos taparam uma porta que existiu entre 2003 e 2005,
quando a concepção da reforma em curso foi drasticamente modificada.
É que, inicialmente, meu irmão
Ivan e eu (herdeiros da casa, com Ivanilda) projetamos transformar o imóvel em
um escritório de consultoria. Acontecimentos posteriores levaram à mudança de
planos e à decisão -- minha e de Lourdes Barbosa -- de adquirirmos as partes de
meus irmãos e vir morar aqui.
Desde 2003, nossa história de
vida está associada a esta casa da antiga Rua Moura Esteves, depois, Alto do Céu.
Resolvemos, Lourdes e eu, que a parede vai continuar assim, nua, reveladora,
exposta à curiosidade dos visitantes. Quem sabe, um dia, emolduro essa pequena
informação histórica e a afixo ao lado dos tijolos de ontem.
(Publicado
no Facebook, 23/9/2019)
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