Gustavo Maia Gomes
O município fica na região
canavieira Norte de Alagoas. No começo, era Macaco. Foi, em seguida, Cerca Real
de Macacos, Santa Maria Madalena (c.1830) e Vila Nova da Imperatriz (1831). Em
1889, subiu à condição de cidade, sem trocar de nome.
Um ano depois, passou a ser
União; finalmente (1943), tornou-se União dos Palmares, em homenagem ao
quilombo, nome que conserva até hoje. Em 1960, perdeu os territórios de Mundaú
e Mungaba (hoje, município de Santana do Mundaú), mas não Rocha Cavalcante, antiga
Barra do Canhoto, mantido na condição de distrito.
Em União dos Palmares está a
fazenda Anhumas, propriedade de familiares meus desde 1933. É a terra (de
adoção, em alguns dos casos) do coronel Basiliano Sarmento, do poeta Jorge de
Lima, do escritor Carlos Povina Cavalcanti, do agrônomo Benon Maia Gomes e das
mulheres à frente de seu tempo Maria Mariá de Castro Sarmento e Helena Soares
Bahia. Todos já mortos.
Estávamos lá, percorrendo a
cidade, Lourdes Barbosa e eu, no dia 7 de setembro. Conosco, Cassio Silva,
Genisete Lucena Sarmento, Carmen Theresa Borba Leite, Iremar Marinho e João
Paulo Farias. A caminhada em tão boa companhia proporcionou momentos
agradáveis. Serviu para nos mostrar, aos visitantes, que União tem seus
encantos.
E seus problemas. A cheia do
Mundaú em 2010 destruiu centenas de casas; duas ruas históricas que ladeavam o
rio desapareceram sob as águas. União é, também, um município típico da cana e
do açúcar, com uns poucos ricos (tipicamente, devendo ao Banco do Brasil mais
do que podem pagar) e muitos pobres, cuja miséria, nos anos recentes, tem sido
anestesiada pela farta distribuição de bolsas-família.
Eis a mensagem implícita:
fiquem quietos, para que tudo continue a ser como sempre foi. Falo por mim e,
talvez, por Lourdes. Não sei se com tal ceticismo concordariam os finados Jorge
de Lima, Basiliano Sarmento, Povina Cavalcanti, Benon Maia Gomes, Maria Mariá e
Helena Bahia. Ou os vivinhos e bulindo Cassio Silva, Genisete Lucena Sarmento,
Carla Theresa Borba Leite, Iremar Marinho e João Paulo Farias.
Quem ainda pode falar que o
faça.
(Publicado
no Facebook, 19/9/2019)
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