Gustavo Maia Gomes
Lourdes e eu fomos ver a
cidade onde meu avô Nominando foi juiz de Direito, nos anos 1940. Cruzamos o
Rio Mundaú. Andamos nas calçadas. Tiramos fotos. Li jornais. Soubemos de coisas
graves.
"No dia 8 do corrente
mês, o tenente coronel Possidônio Ferreira Totta teve a sua propriedade
invadida pelo comissário de polícia daquele município, acompanhado da força
pública e de mais de 20 cangaceiros."
A estação de Laje virou uma
pequena biblioteca. Perguntamos a duas mocinhas sentadas por perto se podíamos
cruzar a linha férrea sem risco de atropelamento. Responderam que sim. O trem
não passa ali há anos.
Prossegue o jornal: "Se
não fosse a prudência de Possidônio Totta, teríamos fatalmente uma grande
desgraça a lamentar, pois o comissário de polícia saiu de Lage proclamando que
ia buscar a cabeça do coronel."
A igreja está bonita. O dia é
de sol. O rio aparenta calma, apesar das chuvas recentes. Há um letreiro
dizendo “Eu amo São José da Laje”. Vimos a casa em que meu avô morou. Não tenho
certeza disso, mas soa bem.
Terminei de ler:
"Entregamos aos cuidados do Secretário do Interior este garantidor da
ordem pública, cuja ação policial se resume em arrancar a cabeça de seus
adversários."
Conclui que a situação em São
José da Laje está crítica. A não ser pelo fato de que a notícia havia sido
publicada em Maceió, no Diario do Povo, em 16 de janeiro de 1917.
(Publicado
no Facebook, 9/9/2019)
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