Gustavo Maia Gomes
Mauro Bahia de Maia Gomes, meu
pai, foi um grande homem. Gostava de boa música — e com ele, sobretudo, aprendi
também a aprecia-la. Detestava corretores eletrônicos (que não chegou a
conhecer, mas imagino o que pensaria deles) — e eu também os detesto.
Apreciava um bom restaurante,
numa época em que isso era raro — e eu também gosto (ainda mais, depois de
encontrar o amor de minha vida.) Era chegado a um rabo de saia, como se dizia
então, e isso eu conto entre suas qualidades.
Gostava dos filhos,
imensamente. De estar com eles, de conversar com eles, de vibrar com suas
conquistas. De bebericar em sua companhia. Amava minha mãe, embora jamais tenha
percebido que havia muito mais recompensas a serem colhidas na dedicação a ela
do que na busca de prazeres sexuais fora do casamento.
Meu pai me ensinou a desfrutar
da vida e por isso ser-lhe-ei sempre grato. Nunca foi rico. As heranças que
recebeu, dos pais e de um tio que o tinha como filho, ele as gastou em viagens.
Existe jeito melhor de transformar fazendas simbólicas em felicidade real?
Meu pai devia estar aqui,
hoje, na casa que foi sua, ouvindo comigo as músicas que me ensinou a apreciar.
(Publicado
no Facebook, 17/1/2020)
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