Gustavo Maia Gomes
Como resenhar 1.500 páginas em
uma? Nem tentarei. Apenas, aviso aos navegantes: estes três livros citados nas
Referências são imperdíveis.
Pinço frases que grafei
enquanto os lia. Não são necessariamente as melhores. Mas, são boas o bastante
para instigar nos potencialmente interessados o desejo de enfrentar as 570
páginas de “Bourgeois Dignity”, as 686 de “O Novo Iluminismo” e as 214 de “O
Chamado da Tribo”.
“A renda real por pessoa na
atualidade é, pelo menos, 16 vezes maior do que era em torno de 1700 ou 1800,
num país como a Grã-Bretanha e outros que experimentaram o crescimento
econômico moderno. (...) Nas economias americana ou sul-coreana (...) o
desempenho foi ainda melhor. E se novidades como viagens de avião a jato,
pílulas de vitaminas e comunicação instantânea forem apropriadamente
computadas, o fator de melhoria material vai para 18, 30 ou muito mais” (Mc
Closkey, pág. 48).
Isso tem sido algo
absolutamente inédito na História humana, continua a autora. Não aconteceu nem
na China da dinastia Song, nem no Egito do Novo Reino, nem nas gloriosas Grécia
e Roma antigas. Nem no Brasil, acrescento eu. Com efeito, exceto nos últimos
dois séculos, a pobreza absoluta, generalizada e sustentável sempre foi o estado
normal da humanidade. Hoje, finalmente, isso já não é verdade, para a imensa
maioria das pessoas.
“O mundo é cerca de cem vezes
mais rico hoje do que era há dois séculos e a prosperidade está se distribuindo
de modo mais uniforme por todos os países e povos do mundo. A proporção da
humanidade que vive em extrema pobreza caiu de quase 90% para menos de 10% e,
durante o período de vida da maioria dos leitores deste livro, pode
aproximar-se de zero” (Pinker, pág. 381).
E, finalmente, Vargas Llosa,
que enfoca mais o lado político:
“A igualdade perante a lei e a
igualdade de oportunidades não significam igualdade nos ingressos e na renda,
coisa que liberal algum proporia. Porque isso só pode ser obtido por meio de um
governo autoritário que ‘iguale’ economicamente todos os cidadãos mediante um
sistema opressivo, fazendo tábua rasa das diferentes capacidades individuais,
imaginação, criatividade, concentração, diligência, ambição, espírito de
trabalho, liderança. Isso equivale ao desaparecimento do indivíduo, sua imersão
na tribo" (Vargas Llosa, pág. 19).
REFERÊNCIAS
Deirdre
N. Mc Closkey, “Bourgeois Dignity: Why Economics can’t Explain the Modern
World”, Chicago, The University of Chicago Press, 2010
Steve Pinker, “O Novo
Iluminismo”, São Paulo, Companhia das Letras, 2018
Mario Vargas Llosa, “O Chamado
da Tribo: Grandes Pensadores para o Nosso Tempo”, Rio de Janeiro, Objetiva,
2019.
(Publicado
no Facebook, 27/1/2020)
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