(Texto psicografado por Gustavo Maia Gomes)
Sou uma quartinha -- há quem
me chame moringa -- e este ao meu lado é um copo. Somos feitos de barro cozido.
Nossos ancestrais têm dez mil anos.
Eu, claro, sou nova. Faz só um
mês que Gustavo e Lourdes me trouxeram de Aracaju, cidade onde se come melhor
que na Europa. (É o que dizem por lá. Não garanto.)
A cada manhã, os dois me
enchem de água, que torno mais fria e saborosa. Estou feliz. Sou útil e vivo em
companhia das plantas. Cultivá-las é coisa tão velha quanto o foi fabricar meus
mais remotos parentes.
Convivo bem com o computador
da foto. Ele se julga muito importante. Talvez seja. Mas, nunca teria existido
se as pessoas não tivessem antes amassado e cozido o barro.
Ouvi, outro dia, um carro
dizer que era o mais tecnológico do mundo. Ele talvez não dure dez anos.
Tecnológica sou eu, que presto serviço há mil vezes mais tempo.
Tem o retrato de Lourdes. Fica
olhando para Gustavo o dia todo. Acho que ele gosta, ou não o teria botado ali.
Eu, a quartinha de Aracaju, amo os dois
(Publicado
no Facebook, 4/10/2019)
Nenhum comentário:
Postar um comentário