Gustavo
Maia Gomes
Recife, 7 de janeiro de 2020
Meus
caros Jorge, Newton, Ivan, Alexandre, apreciadores da boa música:
Li o material que Jorge mandou, os arquivos com nomes “Aceleração
01” e o “Aceleração 02”. Parecem ser parte de um artigo ou livro (António Guerreiro
e João Oliveira Duarte, Breve Léxico de
Nosso Tempo) sobre o qual não foram dadas outras referências, como data e
local de publicação, etc. De modo que me reporto, nos comentários abaixo,
apenas às onze páginas disponibilizadas em PDF. A observação mais geral é a
seguinte: se entendi o que os autores quiseram dizer, achei um horror. Se não
entendi, também achei um horror: afinal, quem são esses dois que não conseguem
formular de maneira compreensível seu pensamento?
Vamos por partes. Transcrevo a seguir e comento algumas passagens
que me chocaram sobremodo.
(1)
“A
aceleração como o motor da história moderna...” (“Aceleração
01”)
O que é isso? Não sou engenheiro, ao contrário de Ivan e Newton,
mas tenho noções básicas de Física. Onde já se viu alguém dizer uma asneira
dessas? “Aceleração” é mudança de velocidade – um sintoma, se quiserem –, não é
motor de coisa nenhuma. Esse é um emprego errado, desorientador – misleading, alguém diria, em inglês –,
de uma palavra que, afinal, tem significado e conotações consagrados.
(2)
“Aceleração
como nova forma de totalitarismo”
(“Aceleração 01”)
Uma frase ininteligível. (Talvez a intenção tenha sido essa.) Faço
hipóteses: “Totalitarismo”, no caso, quer dizer: (i) que, hoje em dia (daí o
“nova forma”), tudo se acelera; (ii)
que somos compelidos a acelerar cada vez mais tudo o que fazemos, pensamos,
desejamos; (iii) alguma outra coisa que mal consigo imaginar.
A alternativa (i) é
tosca e sensacionalista. Talvez estejamos fazendo as coisas mais rapidamente,
hoje. Mas, seria o aumento de velocidade, em si, algo novo? Não. Os homens e
mulheres que, em sucessivas gerações, há doze mil anos, vieram da Europa para
as Américas, a pé, via Estreito de Bering (aproveitando o desaquecimento global
de sua época), gastaram milênios para completar a viagem. No final do século XV,
Cristóvão Colombo e Pedro Álvares Cabral fizeram outro percurso, mas chegaram
ao mesmo destino, em dois meses. No início dos 1900, aviadores demoravam dias
para cruzar o Atlântico, parando onde pudessem para reabastecer as aeronaves e
a eles próprios. Meio século mais tarde, o Concorde ia de Nova York a Paris em
três horas. Pelo visto, a aceleração é velha pra caramba; não constitui
característica diferencial dos tempos atuais. Vem acontecendo desde eras
imemoriais.
A alternativa (ii)
não é melhor. É verdade que muitas coisas são feitas, no presente, mais
depressa do que jamais o foram. Se quiserem chamar isso de “aceleração”, vá lá,
embora fosse mais adequado identificá-lo como “efeitos da aceleração”. Entretanto,
prefiro ver o assunto de maneira analítica. O que existe na atualidade é o
resultado acumulado de sucessivas escolhas racionais de homens e mulheres. Um
princípio econômico simples se aplica aqui. Normalmente, as pessoas buscam fazer
mais (ou melhor) gastando menos tempo, dinheiro, esforço. Em grande medida, têm
tido sucesso. Ninguém estava obrigado a isso, a “acelerar”. Certamente, elas não
foram compelidas pelo capitalismo (que, tenho certeza, vai aparecer nesse
discurso) ou outra força diabólica qualquer. Fizeram-no porque era racional
fazer e todos nos beneficiamos com o que resultou do processo.
Escolhas racionais não são exclusividade nossa (dos homens e
mulheres da segunda metade dos 1900 e primeiras décadas do terceiro milênio),
nem nunca se limitaram a um único setor de atividade. Falei, lá em cima, no transporte (dos primitivos humanos
chegados às Américas aos passageiros do avião supersônico), mas poderia ter
falado na comunicação (urros
aleatórios, sinais de fumaça, imprensa, telégrafo, telefone, internet – tudo,
cada vez mais rápido e eficiente); na
indústria (a pedra polida devia levar meses para ser terminada; nos anos
1910, Henry Ford e seus operários produziam 1.500 automóveis por dia); nos esportes (os novos recordes olímpicos
de atletismo e natação são sempre mais curtos – distâncias percorridas em menos
tempo – do que os anteriores)...
Reforçando o que escrevi a respeito da alternativa (i), e que se
aplica também à (ii), nada há de novo no encurtamento do tempo necessário para
fazer as coisas. Mas, indo além disso, se algum filósofo alemão ou português (dos
franceses, nem falo) quiser identificar “aceleração” com totalitarismo, aí entramos em terreno minado. Pois essa última palavra
está carregada de valor: ninguém elogia o outro chamando-o de totalitarista.
Portanto, se, depois de dizer que vivemos a era da aceleração (o que é falso),
completamos o pensamento colando o nome totalitarismo
a esse suposto fenômeno diferencial, estamos dizendo que nossa época é uma
desgraça.
E nossa época não é uma
desgraça. Ao contrário. É a melhor já vivida pela humanidade e, tudo indica,
ainda vai melhorar. Recentemente, alguém do Instituto Mises Brasil escreveu um
artigo (que li no Facebook, mas não consegui recuperar) mostrando que, sob
muitos aspectos, as pessoas comuns contemporâneas nossas estão em situação
melhor do que a dos magnatas do século XIX. Têm acesso a bens e serviços extremamente
valiosos que não existiam há cento e poucos anos. Para citar um caso conhecido,
Nathan Rothschild, o homem mais rico de seu tempo, morreu (em 1836), de uma
inflamação lombar, coisa besta que hoje não mataria ninguém socorrido pelo SUS.
Tenho outros exemplos. Nenhum de nós gostaria de morrer por causa
de uns furúnculos, como aconteceu (em 1936), com meu avô Manoel Sebastião de Araújo
Pedrosa. Minha filha mais nova, Gabriela, que tem 23 anos e ainda mora comigo e
Lourdes, teve uma crise de apendicite, dois meses atrás. Fiquei muito satisfeito
em saber que ela seria operada sob o efeito de anestésicos, e não, como
acontecia com todo mundo, ricos e pobres, dezessete décadas atrás, a cru, com o
paciente amarrado por cordas enquanto era retalhado. Mais ainda: a agricultura
moderna alimenta sete bilhões de pessoas; na passagem entre os séculos XVIII e XIX,
Thomas Robert Malthus e os economistas clássicos ingleses consideravam isso uma
impossibilidade absoluta. Ocorrências generalizadas e agudas de fome, tão
comuns até recentemente, hoje são uma raridade, exceto em rincões pequenos,
isolados e inexpressivos da África.
Além de nossa época não ser ruim nesses e em tantos outros aspectos,
não existe nela nenhum “totalitarismo da aceleração”. Isso não passa de uma mentira
propagada por intelectuais que acham chique reclamar da vida. Ao contrário, as
possibilidades abertas hoje a um grande número de cidadãos (especialmente, da
classe média para cima), em boa parte dos países, são muito mais amplas e
diversificadas do que jamais o foram. Por exemplo: praticamente qualquer
brasileiro aposentado pode ir morar em Portugal. A viagem custa um infinitésimo
do que já custou; o dinheiro recebido dá para o gasto mensal; os bancos fazem
as transferências periódicas de maneira confiável e cobrando pouco. Se
preferir, esse homem ou mulher viverá a vida tranquilamente sem internet, sem
celular, sem ler jornais, sem tomar vinhos bons e baratos, sem visitar via
Google os melhores museus do mundo, sem assistir concertos musicais executados
naquele mesmo instante em Braga ou no outro lado do mundo.
Mas, o brasileiro aposentado não fará essas escolhas estúpidas.
Será porque o “totalitarismo da aceleração” o obriga a ser igual ao seu
vizinho? Não. Acontece, apenas, que o gajo não é burro e, portanto, acha ótimo
desfrutar das comodidades que a moderna tecnologia lhe põe ao alcance. E faz
muito bem. Não é só aquilo dito acima: Napoleão Bonaparte, com todo o seu
poder, jamais viu o mundo de um ponto situado dez mil metros acima do nível do
mar. Jorge, Ivan, Newton, Alexandre Braga (que não está em Braga), eu, todos
nós desfrutamos disso rotineiramente. Os filósofos reclamantes também o fazem,
numa boa.
Condenar o mundo moderno – o mundo da presumida “aceleração
totalitária” –, ao mesmo tempo em que se usufrui dele é sacanagem. Na minha
opinião, a irresponsabilidade intelectual de filósofos regiamente pagos pelas
sociedades em que vivem – e que cuidam de denegrir – não pode ser perdoada.
Da Alternativa (iii), por razões óbvias, nada tenho a dizer.
(3)
“O
Antropoceno corresponde a uma força
geológica capaz de destruir o planeta, ou torná-lo inabitável para grande parte
de seus membros” (“Aceleração 02”)
Cito:
A questão do Antropoceno (sic) rompeu o espaço estritamente
científico onde nasceu e, na medida em que está ligada ao capitalismo
(primeiro, o capitalismo industrial, depois, o capitalismo da automatização
informática) desembocou numa problemática eminentemente política.
(Eu disse que o capitalismo ia acabar sendo responsabilizado pela
desgraça. Não deu outra.) Pois bem, antes de tudo, desconfio de todos os termos
bombásticos criados (no fundo) com o objetivo de chamar a atenção para nós e nossas
próprias bobagens. Antropoceno é um
caso desses: rima com Heloceno, Plistoceno; seria uma nova era geológica, desta
vez, criada pela espécie humana. Não é pouca pretensão. Leia isso: “o Pleistoceno
ou Plistoceno é a época do período Quaternário da era Cenozoica do éon
Fanerozoico [Ave Maria!] compreendida entre 2,6 milhões e 11,7 mil anos atrás,
abrangendo o período recente no mundo de glaciações repetidas” (Wikipedia).
Imagino que o Antropoceno
seja daí pra mais. Tás pensando o quê?
Não tenho espaço, nem intenção, nem conhecimento específico, para aprofundar
esse tema aqui. Sei apenas que o substrato da ideia da suposta nova era
geológica criada e desgovernada pela espécie humana é, sem dúvida, a hipótese
do Aquecimento Global. E eu tenho sérias desconfianças quanto a essa versão
supostamente científica do Apocalipse
(quase) Now.
Será que estou sendo obscurantista, depois de ter enaltecido, nos
parágrafos anteriores, a Razão e, consequentemente, a Ciência? Não estou. É
verdade que a maioria dos cientistas contemporâneos parece acreditar na
hipótese do aquecimento global causado pela ação humana. Mas há uma diferença
entre a legítima “proposição científica” e a crença de que uma determinada
proposição tem direito a tal adjetivo. O alicerce filosófico mais conhecido da
ciência moderna consiste na testabilidade
das afirmações feitas em seu nome. O cientista (aqui sigo Karl Popper, claro)
acredita provisoriamente nas
proposições que, após formuladas, não foram desmentidas por sucessivos
experimentos cujos resultados poderiam, em princípio, contraditá-las. A hipótese
do Aquecimento Global nunca passou por esse crivo.
Que eu saiba, ninguém jamais conseguiu imaginar um experimento cujos
resultados concebíveis e obteníveis num período de tempo suficientemente curto
incluíssem um capaz de contradizer a hipótese do aquecimento global causado
pela ação humana. (E que, portanto, no caso de esse resultado se verificar,
validasse provisoriamente a hipótese alternativa de que os humanos não conseguem influenciar o clima, de
modo que as mudanças que acontecerem ou estiverem acontecendo obedecem a outras
causas?) Desconheço.[1]
A discussão nessa linha filosófica poderia ir longe. Não a
prolongarei, entretanto, exceto para dizer mais uma coisa. A hipótese do
Aquecimento Global induzido pela ação humana repousa em modelos computacionais
cheios de equações, variáveis e parâmetros periodicamente revistos para gerar
valores (das variáveis-meta, digamos assim) próximos aos efetivamente
observados. Nessas condições, os modelos preveem, apenas, o que já aconteceu.
Tenho familiaridade com isso, não na Climatologia, é claro, mas na Economia.
Desconfio de que as coisas se passam de modo muito parecido, nos dois campos.
Em 1 de janeiro de cada ano, as “previsões” de crescimento econômico do ano
anterior geradas pelos melhores modelos econométricos se parecerão muito com o
que, de fato, aconteceu. Provavelmente, o mesmo se dá com os modelos de
mudanças climáticas.
Há uma outra forma – sociológica, não filosófica – de abordar o
assunto. Ela começa pelo reconhecimento de que, hoje mais do que ontem, os
produtos da “Ciência” são resultantes de uma atividade institucionalizada. Existe,
em cada área, a específica “comunidade científica” que determina o que será ou
não publicado, o que será ou não considerado produção científica. Antes disso:
apenas serão feitas as pesquisas para as quais exista financiamento. A
concessão desse depende da aprovação dos respectivos projetos e essa aprovação
(ou não) é decidida pela mesma comunidade científica. O círculo se fecha. Agora
imagine que um jovem pesquisador não conformista queira iniciar sua carreira num
mundo em que a respectiva comunidade (também por razões sociologicamente
explicáveis) acredite majoritariamente na tese do aquecimento global. Ele
apresentará seu projeto. Se for astuto (omitindo o fato de duvidar das teses
consensuais), poderá ter a pesquisa aprovada e financiada. Se não for, nem
isso.
Pois bem, feita a pesquisa, digamos que o jovem descubra fatos que
contrariam a sabedoria estabelecida. O que acontecerá? Num mundo popperiano, o
consenso seria abalado e, dependendo dos resultados de outros experimentos,
talvez viesse a ser, finalmente, destruído. Mas, seria mesmo? Talvez, não. Há
centenas de outros pesquisadores trabalhando com as hipóteses convencionais,
obtendo as conclusões que os seus colegas e as agências financiadoras tanto
esperam e valorizam. Eles não apreciariam ser perturbados em suas certezas. Particularmente
no caso do Aquecimento Global, a coisa toda virou um grande negócio (só assim
se explica a avassaladora propaganda “espontânea” que a hipótese recebe da imprensa,
de agências multilaterais, das Nações Unidas, de ONGs...) do qual muitos cientistas
e não-cientistas ganham a vida. Poucos se importam com o que Karl Popper
pensaria deles.
A hipótese das mudanças climáticas causadas pelas ações humanas
pode até corresponder aos fatos. Mas os interesses econômicos, políticos e (pasmem)
religiosos que se associaram a ela – por razões que também permitiriam uma bela
análise sociológica – levam qualquer pessoa dotada de verdadeiro espírito
científico a desconfiar seriamente de que o pacote não passa de uma grande
fraude.
E se o Aquecimento Global for isso que parece ser, o Antropoceno, então, é que não valerá
mesmo nada.
(4) Calamitá
!!! (“Aceleração 02)
“Calamitá” é o site para o qual o historiador francês François
Hartog – citado aprovativamente por Guerreiro e Duarte – deu uma entrevista.
Imaginem o que se poderia esperar de um site com esse nome. Mas, vamos ao
ponto. Um dos temas que fazem o “léxico de nosso tempo”, segundo os autores
portugueses que estou a acompanhar é
a “importante distinção entre, por um lado, o apocalipse, que se baseia numa
tradição que remonta ao judaísmo, e (...) a catástrofe como modo contemporâneo
de relação ao presente e ao futuro”. Confesso que não entendi bulhufas (acho,
ao contrário, que as teses catastrofistas associadas ao aquecimento global são
a versão moderna do Apocalipse), mas prossegui e encontrei o seguinte:
Se o apocalipse se insere num âmbito teológico, havendo nele uma
relação com a verdade do tempo (...) a catástrofe encontra sua genealogia numa
outra tradição mais recente, aquela da pequena burguesia que nasce com a
modernidade e que, contra o apocalipse, lança a catástrofe como relação privilegiada
com o tempo e o espaço.
Piorou muito.
Quanta bobagem embrulhada numa linguagem pretensiosa! E tem mais:
“Aquilo que Ulrich Beck definiu como sociedade do risco é uma sociedade da
catástrofe, isto é, uma sociedade em que a catástrofe faz parte de nosso
cotidiano”. Outra besteira. De que sociedade eles estão falando? Do Nordeste
brasileiro semiárido, até meados do século XX? Aí, sim, a catástrofe fazia
parte do quotidiano. As secas aconteciam um ano em cada três e podiam durar
trinta e seis, quarenta e oito, sessenta meses. A planta murchava, o gado
morria, a frente de trabalho (uma invenção relativamente recente) demorava a
chegar, o homem, a mulher, os filhos, a cadela Baleia caminhavam a pé em busca
das cidades, onde também não iriam receber grandes socorros. Muitos morriam
antes de chegar. Outros tantos, depois. Hoje, não é mais assim. O clima não
mudou, mas os mecanismos de proteção emergenciais (frente de trabalho) e
permanentes (Bolsa Família) retiraram das secas seu caráter catastrófico.
É daquele Nordeste de Graciliano Ramos que eles falam?
Provavelmente, não. Será da Europa antes e durante as guerras de 1914-18 ou
1939-45? Não creio. A última grande guerra terminou há setenta e cinco anos, a
Europa atual é completamente outra. Fora das contingências climáticas ou geológicas
e das especulações tresloucadas de filósofos idem idem, não há catástrofes
correntes ou iminentes nesse continente, nem nos Estados Unidos, nem no Canadá,
nem no México, nem no resto da América Latina. Até a Ásia, que já foi mais
conturbada, vive um período de grande prosperidade (China, Índia, Coreia do
Sul, Malásia, Vietnam... O Japão também continua rico e tranquilo.) Onde diabos
está essa “sociedade da catástrofe”? No Oriente Médio? Quem sabe, no Oriente
Médio? Mas, então, por que os autores – portugueses – escrevem que “a
catástrofe faz parte de nosso
cotidiano”?
Só se for do cotidiano deles dois, nas suas relações com os respectivos
psiquiatras.
(5) Duas sugestões de leitura
Se os amigos se interessam por esses temas, minha sugestão é que
leiam Steve Pinker, O Novo Iluminismo: Em
defesa da razão, da ciência e do humanismo (São Paulo, Companhia das
Letras, 2018). Eu não concordo com tudo o que ele diz. Em particular, sua
adesão acrítica à tese do Aquecimento Global induzido por ações humanas me
parece inaceitável, pelas razões que, em parte, sugeri na presente carta. Mas o
cara escreve com uma clareza extraordinária, não inventa termos rebuscados para
ocultar a falta de substância, fundamenta seus argumentos em estatísticas ou em
fatos. Não arrota sabedoria, ao contrário, convida à reflexão. Enfim, contribui
para aumentar nosso conhecimento, não para nos fazer reféns da vacuidade
envernizada.
Também
recomendo Deirdre Mc Closkey: Bourgeois Dignity:
Why Economics can´t explain the modern world (Chicago, The University of Chicago
Press, 2010). Pinker e Mc Closkey concordam em um ponto muito importante: o
reconhecimento de que o progresso econômico (capitalista!) ocorrido em boa
parte do mundo nos últimos duzentos anos trouxe inestimáveis ganhos de bem
estar para a humanidade. Esses ganhos deveriam ser protegidos da retórica
afetada e derrotista de autores como os que escreveram um (felizmente) Breve Léxico de Nosso Tempo.
Abraço a todos.
G.M.G.
[1] Não tenho informação,
tampouco, sobre qualquer experimento realizado ou concebido que fosse capaz, em
tese, de invalidar (ou confirmar provisoriamente) a Hipótese Big Bang sobre a
origem o universo. Talvez por isso, muitos cientistas deem pouco crédito a ela.
(Partes da Relatividade, de Einstein, sim, foram testadas e não reprovadas. Inclusive
em Sobral, Ceará, 1919.) A diferença (sociologicamente falando) entre o Big Bang
e o Aquecimento Global é que a primeira hipótese não conta com a avalanche
propagandística e a constelação de interesses econômicos que protege a segunda dos
potenciais críticos, dificultando ou impossibilitando que eles apareçam mais. Sobre
isso, falo um pouco no prosseguimento.
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