Gustavo Maia Gomes
Há mais do que
pedantismo envolvido na utilização desnecessária de técnicas (a matemática
sendo somente uma delas) que apenas os iniciados numa determinada disciplina
dominam. Talvez a melhor maneira de marcar o argumento seja por meio de um
exemplo concreto, reconhecidamente levado ao absurdo, para fixar melhor as
ideias. Suponha que, no meio de um artigo técnico, eu fizesse a seguinte
afirmação:
“Cento
e vinte e nove é igual a trinta e um”
(a)
– “Mentira!”, você, leitor, diria, sem
pestanejar.
Mas agora imagine que, ao invés de
escrever a frase marcada com (a), acima, eu escrevesse a expressão (b), abaixo,
acompanhada, nas cinco linhas seguintes, das definições dos símbolos usados:
5!
+ D(x) + m(x) + ? = D(x) + ? + 4! +
m(b)
(b)
Onde:
a! = Fatorial de a, sendo a = (5
ou 4)
D(x) = desvio médio de x, sendo x =
(1,2,3...9)
m(x) = média aritmética simples de x,
sendo x = (1,2,3...9)
m(b) = média aritmética simples de b,
sendo b = (1,2,3...7)
– “Puxa, esse cara sabe matemática. Vou
pular essa parte”, seria, possivelmente, o seu comentário. E eu ganharia o dia.
Bem, não irei lhe pedir isso, leitor, mas, se você fizesse as contas, iria
descobrir que a afirmação (b) é exatamente igual à afirmação (a). Ou seja, o
que eu estou dizendo com aquela fórmula matemática complicadíssima é que
“Cento
e vinte e nove é igual a trinta e um”
(Trecho
de "Um ensaio sobre a produção e
destruição do conhecimento, com especial referência à economia". O texto completo, que tem 24 páginas, está
em
https://docs.google.com/document/d/1QoW5QQz4WSzGYmarJls56WiSJTNZmxq8H4H4lCOYcVs/edit)
Em mãos inábeis e arrogantes, a matemática, ao invés, de facilitar a assimilação do conhecimento, acaba dificultando-a ou tornando-a impossível.
ResponderExcluirCaro Maurício: isso que você diz é verdade, mas eu argumento no ensaio que há outros aspectos envolvidos no emprego desnecessário (enfatizo esta palavra) da matemática.
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