segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Tributo a Vicente Moreno

Ladeado pelos vereadores Jayme Asfora (esq) e Vicente André Gomes,
Vicente Moreno Filho recebe o diploma de Cidadão do Recife (29/11/13)

Inspirado em Silvio Pessoa Carvalho Junior, cujo belo texto dedicado ao novo Cidadão do Recife acabo de ler, gostaria de deixar também um breve testemunho sobre Vicente Moreno Filho. (Ele preferia ser chamado de Douglas, um apelido de infância. Sensatamente, viria a dar este nome ao seu primeiro filho.)

Conhecemos-nos desde os últimos anos 1950, ele e eu alunos meninos do Colégio Marista, aquele que virou shopping center. Nem sempre fomos da mesma turma, penso eu, mas nomes como os dos "irmãos" Abel, Luciano, José, Roque, Kerginaldo, Paulão, Longhi, Cirilo, Firmino lhes serão tão familiares quanto o são a mim.

Vicente e eu morávamos em Casa Amarela, circunstância que facilitou a formação de uma estreita amizade entre nós. Freqüentei sua casa e me tornei admirador, sobretudo, de seu pai a quem ainda hoje cito como exemplo de pessoa que tinha pouca instrução e muita sabedoria.

Nessa época - agora estou falando dos anos 1960 - íamos quase todos os sábados às então imperdíveis festa de clube. Internacional, Náutico, Português, América, sobretudo. 

Mais para o fim da década, Vicente estudava Direito e já trabalhava em um escritório de advocacia, eu estudava Economia e era repórter do Jornal do Comércio. Entrávamos nos clubes, ele como "policial" (tinha arranjado uma carteira do que chamávamos araque), eu, como jornalista, e nos divertíamos muito. Sempre bebemos com moderação, muito antes de o Ministério da Saúde assim o recomendar. 

As festas eram uma delícia, mas, nelas, minhas "realizações mulherísticas" ficavam sempre abaixo das expectativas. As de Vicente, creio que também, pois a mulher em que ele, já então, realmente, pensava não o encontraria nos clubes do Recife, mas nas casas de Várzea Alegre e numa escola de Natal.

Nas décadas seguintes, nos vimos pouco. Enquanto Vicente construía no Recife uma brilhante carreira de advogado, ao lado de Nicinha, eu andava pelo mundo (São Paulo, Urbana-Champaign, Cambridge, Brasília) estudando e trabalhando. Nos víamos, sim, com certa raridade, mas, sempre, com a mesma alegria. E, em todas as vezes, nos prometíamos outros encontros para breve.

De modo que somos amigos há quase 60 anos. É com a autoridade conferida pelo tempo que registro, aqui, minhas palavras de profunda admiração por Vicente Moreno Filho. Grande homem, grande amigo, grande marido, grande pai, grande advogado, grande amante e propagandista de sua terra natal Várzea Alegre, grande cidadão honorário do Recife.

Emocionei-me durante a cerimônia da Câmara Municipal, meu caro Douglas. 

Parabéns, amigo.

Gustavo Maia Gomes 
(2 dez 2013)