domingo, 29 de novembro de 2015

Homenagem à professora Lourdes Barbosa, da UFPE

Íntegra do discurso pronunciado pela professora Viviane Santos Salazar em homenagem a Maria de Lourdes de Azevedo Barbosa por ocasião da solenidade comemorativa dos 20 anos de criação dos cursos de Hotelaria e Turismo da Universidade Federal de Pernambuco. O evento teve lugar no auditório do DHT-UFPE na noite de 27 de novembro de 2015
Vinte anos de Hotelaria e Turismo na UFPE (27/11/15). Da esquerda para a direita: Isabella Jarocki, Alan Machado, Laura Carvalho, Lourdes Barbosa, Isabele Almeida e Viviane Salazar.

Magnífico Reitor Professor Anísio Brasileiro, demais autoridades presentes, professores, ex-professores, alunos, ex-alunos, funcionários, ex-funcionários, demais convidados:

Hoje estou emocionada e muito honrada por ser a porta-voz de ex-alunos, alunos, professores e amigos nesta homenagem à minha querida ex-professora, hoje colega de trabalho e amiga Maria de Lourdes de Azevedo Barbosa, a LUDOCA.

No dicionário, agradecer significa mostrar ou manifestar gratidão, render graças, reconhecer. Gratidão é um sentimento de reconhecimento, uma emoção por saber que uma pessoa fez uma boa ação. A gratidão traz junto dela uma série de outros sentimentos, como amor, fidelidade, amizade (sentimentos esses que permeiam esta comemoração, este discurso e este momento) sendo esta exatamente a nossa intenção: agradecer a você, Lourdes, pelos 20 anos de dedicação à UFPE e especialmente ao curso de Hotelaria.

Se o curso de Turismo é filho dos professores Djaílton de Araújo, Carlos Eduardo e Helena Pedra, o curso de Hotelaria foi criado por uma mãe solteira !!! E este fato já demonstra a personalidade de Lourdes: uma mulher forte, altiva, cabeça feita e bem à frente de seu tempo. Filha caçula de uma família numerosa de oito irmãos (talvez por isso tenha aprendido cedo a conviver com a diversidade, a dividir e a seguir regras), sempre nos conta (de uma maneira divertida) como era o dia-a-dia de uma casa com oito filhos e apenas um banheiro !!! Luís Paulo (médico em São Paulo), João Batista (corretor de imóveis em Belém), Maria Placidina (juíza militar, hoje servindo no Rio de Janeiro), Inácio (engenheiro, São Paulo), Francisco. (engenheiro e empresário, Belém), Carlos (administrador de empresas, São Paulo), Joana (estilista) e, finalmente, Lourdes.

O pai, Armênio Barbosa, era paulista de Taubaté. Foi para Belém convidado por uma empresa internacional de pneus, entre 1943 e 1944. A ideia inicial era que ele fosse para Manaus, mas terminou em Belém. Lá conheceu Maria de Lourdes Azevedo, que pertencia a uma família de muito prestígio no Pará. Seus antepassados, especialmente, o avô, havia sido um grande comerciante e banqueiro da borracha, nos tempos áureos. Logo se vê que a elegância e o requinte de nossa Lourdes vêm de berço !!!!!

Graduou-se em turismo pela Universidade Federal do Pará (1985), fez especialização em Administração Hoteleira pela Universidade Federal de Juiz de Fora, teve um restaurante em Belém, e era professora da UFPA. Quis o destino que ela viesse para o Recife em 1994 e, como não havia curso de Turismo na UFPE, na época, ela foi para a Escola Técnica Federal de Pernambuco (onde tive a honra de conhecê-la). Em 1995, veio para a UFPE para implantar e coordenar o curso de Hotelaria.

Se já a admirava naquele tempo, hoje que sou professora e estou coordenadora do curso de Hotelaria, a minha admiração e respeito só aumentaram. Durante quase 15 anos foi nossa coordenadora e hoje (quando já podia ter dito NÃO, disse SIM novamente e é minha vice-coordenadora).

Não deve ter sido fácil. Junto com Carlos e Djaílton, fizeram de tudo um pouco: de carregar cadeira a planejar e operacionalizar encontros acadêmicos; de fazer matrícula (sem o SIGA) a participar de banca de concurso para professor. Durante este período, ainda teve coragem e garra de fazer mestrado e doutorado em Administração no Propad [UFPE] (conciliando com a coordenação, sendo substituída apenas por um período pela nossa querida Silze Anne). Ao longo deste período construiu uma sólida e reconhecida trajetória profissional e pessoal.

Não teve filhos biológicos (sempre nos disse que ter filhos é uma loucura !!!!), mas a vida lhe deu muitos filhos: nós, seus ex-alunos e alunos; os cinco enteados filhos do querido professor Gustavo Maia Gomes (a quem agradeço a ajuda para escrever este discurso) e Antônio, seu lindo e amado sobrinho !!! Na época em que cursava Hotelaria, lembro muito de toda tarde, nos intervalos, ir à Coordenação, abrir a porta e olhar para você. Saber que estava ali era muito bom !!! As conversas que tínhamos eram e continuam a ser inspiradoras. Lembro também dos conselhos dados, de sua visita a São Paulo para supervisionar o meu estágio curricular, das festas que fomos, das farras que fizemos, ... enfim dos momentos felizes que tivemos juntas.

Lourdes, construímos uma relação bem maior que a de professora-alunos. Você se tornou AMIGA de muitos de nós e INCENTIVADORA DE TODOS !!! Sua casa, especialmente, a cozinha, funcionou como uma INCUBADORA de novos talentos. Lá nasceram projetos de sucesso como o Reteteu e a Analu Cupcakes. Aliás, sua casa até hoje é um reduto de muito amor e carinho. Nossos encontros lá são sempre especiais. Obrigada por nos ensinar o verdadeiro sentido da HOSPITALIDADE que é o bom ACOLHIMENTO.

Muito obrigada por ser nossa amiga, ser ponderada e nos “chamar” para a realidade, por ser uma inspiração para a nossa vida profissional e pessoal, por saber ler nossa alma e nos aconselhar, por enxergar muito além das aparências !!!

Obrigada por ter acreditado no curso de Hotelaria. Obrigada por ter construído uma cultura de respeito, hospitalidade, companheirismo e amizade (hoje mesmo um aluno de Hotelaria estava às seis horas da manhã aqui na UFPE fazendo os buracos para colocarmos as tochas de decoração. Ele fez isso por amizade, companheirismo, respeito e por vivenciar esses sentimentos DIARIAMENTE !!!) É claro que um curso superior não se faz sozinho. Somos gratos também a várias pessoas e instituições (que aqui foram lembradas no discurso do professor Carlos Eduardo) mas sem você, Lourdes, hoje não estaríamos aqui.

Por tudo isso o nosso MUITO OBRIGADA !!!!! Saiba que honraremos o seu legado e JUNTOS faremos deste curso e deste departamento referência no cenário nacional e mundial. Porque quem faz HOTELARIA FAZ SUCESSO !!!!!


Amamos você.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Dilma na Conferência do Clima

Gustavo Maia Gomes
Fontes completamente inconfiáveis informam que a presidente Dilma ainda não preparou o discurso de improviso que fará na Conferência do Clima, em Paris, na próxima semana. O Itamarati está otimista, acreditando que ela não irá falar nada, mas, por precaução, comprou farta quantidade de tapa-ouvidos para distribuir com os presentes ao encontro.
Desfalcada de seu tesoureiro, ora estagiando em Curitiba; preocupada com o Primeiro Amigo, que há três dias não recebe empréstimos do BNDES; e tendo de visitar o líder do governo na Papuda, a presidente Dilma estaria "sem cabeça" para atividades intelectuais. -- Melhor assim, tranquilizou-se o ministro Dedinho Silva.
O queise de sucesso que a presidente apresentará em Paris é a política pública dos governos petistas cujo objetivo, afinal cumprido, era tornar marrom uma enorme área do Oceano Atlântico. “Nunca antes na história deste país isso havia sido feito”, aduziu Pequenininho Silva, assessor de Dedinho. Menorzinho Silva, assessor do assessor, balançou...
Bem, quero dizer, balançou.

(Publicado no Facebook, 26/11/15)

Perigos da abundância

Gustavo Maia Gomes
Neste fim de semana, circulei de carro por interiores do Nordeste, no percurso Recife-Natal. Deixei o rádio sintonizar o que encontrasse. Impressionou-me descobrir FMs com transmissão cristalina e assuntos variados em municípios dos quais eu nunca ouvira falar.
Em Cacimba de Dentro (PB), por exemplo, um programa atrás do outro critica o prefeito. Bom mesmo é Nelinho, candidato da Oposição nas próximas eleições. Alguém espalhou que Nelinho tem um pendura antigo na mercearia, mas seus aliados negam veementemente.
Em Campina Grande, Artur Bolinha é candidato a prefeito. Roberto Freire, presidente do partido que abrigou Bolinha, estava lá. Foi duas vezes chamado de Roberto Jefferson, não sei se por ironia. (Freire é aquele deputado que gostava de Marx e Lênin. Desiludiu-se com o comunismo após perder os votos que nunca teve.)
Uma faculdade de João Pessoa anuncia ser a única reconhecida pelo Ministério de Educação da Espanha. Em nenhum momento diz ter crédito semelhante no Brasil. Pensei comigo: deve só ensinar espanhol. Ledo engano. Será que exporta mão de obra para a Europa? Quizás. El ascensorista siempre pregunta: vás pra riba?
Mas a melhor história veio mesmo de Natal, a bela capital potiguar. Era um programa desses que abrem os telefones, e-mails, whatsapps, facebooks, etc, na esperança de que alguém lhes tire do anonimato. Pois, não é que aconteceu? Falou uma mulher nervosa, reclamante, indignada.
Deduzi que, dois dias antes, o mesmo programa havia ensinado como tirar manchas do sofá. Receita simples: “pegue uma porção de fixador para cabelos tingidos e aplique com abundância sobre a mancha”. Por que, então, a mulher tinha tanta raiva?
– A senhora aplicou o fixador? – perguntou o radialista.
– Sim.
– Com abundância?
– Sim, como o senhor mandou.
– E a mancha não saiu?
– Nadinha, tá lá. Mas o pior não foi isso.
– O que foi?
– Digo não, tenho vergonha.
– Mas, senhora, assim não vou poder lhe ajudar.
– O pior foi com a bundância.
– Não entendi.
– Ficou preta retinta. Já passei tudo que é sabão e nada dela clarear.

(Publicado no Facebook, 23/11/15)

Não nasci no Rio Doce

Gustavo Maia Gomes
Em texto publicado n'O Globo de ontem (22/11/15), ou anteontem, a excelente jornalista Miriam Leitão revela ter nascido entre Minas Gerais e o Espírito Santo, assim como o Rio Doce. Está triste, revoltada, com o mar de lama que destruiu suas melhores lembranças.
Fernando Gabeira, também brilhante, igualmente, mineiro, em artigo publicado no mesmo jornal, um dia antes, mostra-se perplexo. Homem de TV, ele fez, há pouco tempo, programa sobre a cidade de Rio Doce, onde o rio nasce e, há meio século, ninguém morre assassinado.
Eis que mataram o Rio Doce. E vinte pessoas. E um pedaço de Mariana, a cidade. E todos os peixes. E a água nas torneiras. E as lembranças de Miriam Leitão. Eu não nasci lá, nem fiz programa de TV sobre uma terra sem crimes. Mesmo assim, me sinto atingido. Quem matou o Rio Doce?
Eu sei quem matou Odete Roitmann. Eu conheço o assassino de Kennedy. Eu sei que Par Tido acabou com o Brasil. Eu fui informado de qual grupo terrorista executou aquela covardia em Paris. Até quantas balas mataram João Pessoa, eu sei. Eu só não sei quem matou o Rio Doce.
Terá sido a empresa mineradora, que construiu uma represa insegura e não cuidou de sua manutenção? É possível. Terão sido os sucessivos governos, que emitiram licenças indevidas, fecharam os olhos para o desastre iminente, e apenas contaram os mortos, quando veio o pipoco? Provavelmente, sim.
A propósito: Odete Roitmann foi personagem de uma telenovela, tem lá seus vinte anos. Saber quem a tinha matado tornou-se a principal preocupação dos brasileiros, por um tempo. O mistério só foi resolvido no último capítulo. Quem matou Odete Roitmann foi..., foi... FHC.
(Publicado no Facebook, 23/11/15)

Sobre a proposta de cortar parte dos recursos do Bolsa Família

Gustavo Maia Gomes
(Pergunta do jornal O POVO, Fortaleza): O corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família, proposto pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR), é uma medida viável dentro do ajuste fiscal?
 SIM 
O que pretendia o governo Dilma Rousseff ao enviar ao Congresso uma proposta orçamentária com um buraco de R$ 30 bilhões? Duas coisas: pressionar deputados e senadores a aprovarem mais impostos, especialmente, a CPMF, e passar a imagem de que é bonzinho e não cortaria despesas sociais. Deu um tiro no pé, mas isso pouco altera a situação de quem já não tem mais pé. Nem cabeça.
Logo ficou claro que a sociedade brasileira não aceita pagar mais impostos para financiar a demagogia. Deputados e senadores não são ingênuos. Sabem que, se forem contra o sentimento popular, perderão os votos. Portanto, não aprovarão a CPMF. É, igualmente, óbvio que aprovar um orçamento deficitário num momento em que a dívida pública federal está explodindo constituiria demonstração 
de insensatez.
Resta o quê? Cortar despesas. É cristalino, aritmético, ululante. O deputado relator da proposta orçamentária deve ter analisado umas dez vezes as cinco mil linhas de gastos que o governo mandou para o Congresso, antes de concluir que não será possível eliminar o déficit sem cortar, também, despesas sociais. Portanto, está recomendando podar um pouco o Bolsa Família. Simples assim.

Não creio que o deputado quisesse cortar despesas sociais. Acho que ele apenas percebeu não existir outra saída. Esse governo irresponsável vendeu, durante anos, a ideia de que poderia produzir riquezas gastando um dinheiro de que não dispunha e nem tinha como tirar da sociedade. Ao invés de riquezas, produziu dívidas, que agora terão de ser pagas. 
Mais impostos, ninguém quer e nem aceitará, sem reagir. O Bolsa Família, ou algum outro programa de gastos, terá de ser cortado. Não devíamos brigar com a aritmética. Devíamos, sim, arranjar outro governo. Quanto mais cedo, melhor.
(Publicado em O Povo, Fortaleza, CE, 13/11/15)

Assassinatos de mulheres ou lavagem cerebral?

Gustavo Maia Gomes
Fiquei chocado com as conclusões do estudo sobre o assassinato de mulheres no Brasil. É notícia de hoje (9/11). Somente em 2013, ano mais recente pesquisado, foram 4.762. Não terá sido muito diferente em 2014. Terrível, lamentável. Mais uma prova de que o capitalismo, assentado na exploração dos trabalhadores, gera opressão, crime e miséria.
Depois de expressar minha revolta com a ênfase possível, resolvi dar uma olhada nas estatísticas. Queria aumentar meu ódio ao sistema, que já não é pequeno. Achei isso no G1 (27/7/15): no Brasil, em média, são assassinadas 143 pessoas por dia, homens e mulheres juntos. Os dados se referem a 2014.
Como aprendi a fazer contas de multiplicar com Dona Inês, descobri que 143 mortes por dia vezes 365 dias por ano equivalem a 52.195 mortes de homens e mulheres em doze meses, no Brasil. Subtraindo 4.762 mortes de mulheres desse total, deduzo que, por ano, são assassinados 47.433 homens.
Quer dizer: no Brasil, morrem assassinados, por ano, DEZ VEZES mais homens do que mulheres. Mas essa cambada de intelectuais de m., esquerdizóides, marilenas-chauís da vida, acha que o problema é o assassinato de mulheres.
O problema, meus caros (e baratos) é o assassinato. Deviam ter vergonha de fazer demagogia com um assunto tão sério.
(Publicado no Facebook em 10/11/15)

Estranho mundo da tecnologia

Gustavo Maia Gomes
Precisando eu me comunicar com Maria Placidina Barbosa, para saber notícias do primeiro sobrinho, Antonio, tive a ideia de estacionar o carro e usar o burrofone. Atendeu uma voz feminina: "Seu mal é pensar que isso aqui funciona. Nunca ouviu falar de mim, quero dizer, da Tim? Só falo quando quero e, quase sempre, em gravação."
"Tenho problemas com celulares", pensei, no exato momento em que via um orelhão. Com as fichas descobertas no cinzeiro, tentei de novo falar para o mundo. Nada feito. Voltei para o carro e apressei a marcha, ouvindo do rádio as únicas notícias que a CBN dá aos domingos: o treino do Náutico, a derrota do Bela Vista, o gol em impedimento de Zéca Olho.
Já em casa, pelo Skype, contactei Lourdes Barbosa, que está em Breda, Holanda. Teria eu anotado o número errado? Não. "Espere um pouco, respondeu-me. Vou mandar um whatsapp para ela". Cinco minutos depois, tocou o telefone fixo, relíquia que me prende ao passado. Era Hugo Barbosa, o primo inter primus. Estava trazendo Antonio.
Conclui que a tecnologia, afinal, me havia socorrido, do Recife até Breda, ida e volta. Ledo engano. Hugo não recebera mensagem nenhuma. Tinha vindo por que viria de qualquer forma, seguindo instruções antigas. Na porta da casa onde Antonio ora reside, inventou um jeito de se comunicar comigo, pois o interfone daqui emudeceu, desde ontem.
Fechando a história, clico de novo o Skype, buscando Lourdes. Debalde. Tóim, tóim, tóim -- e nada. Lembro-me do Facebook. Quem sabe, ela está no Facebook? Mundo novo da tecnologia. Enquanto isso, meu avô ainda espera que sua carta à namorada, enviada em 1943, seja respondida. Acho difícil, mas, quem sabe, se a Tim assumir os Correios?
(Publicado no Facebook, 8/11/15)