Gustavo Maia Gomes
Há poucos dias, noticiou o site G1, da Globo.com:
A
estimativa dos economistas dos bancos [sempre os bancos] para o crescimento do
Produto Interno Bruto de 2011 caiu de 3,20% para 3,16%. Para 2012, a previsão
do crescimento da economia brasileira permaneceu estável em 3,50%.
Se ficássemos apenas com o ano corrente, menos mal. Meros
45 dias nos separam de 31 de dezembro; portanto, este “futuro” já está, em
larga medida, determinado. A probabilidade de um erro significativo é pequena. Apesar
disso, a precisão da estimativa – não mais 3,20% e, sim, 3,16% – merece registro.
Ainda que o número seja uma média de palpites, alguém fez os cálculos e
divulgou o resultado. Supostamente, querendo ser levado a sério.
Mas, e quanto ao próximo ano?
Deveríamos responder que não sabemos em quantos por cento a economia brasileira,
estrangeira, ou sobranceira irá crescer, decrescer ou ficar parada, em 2012,
2013 ou 2014. Mas isso não contentaria o mercado. Portanto, inventamos números,
que o tempo irá desmentir. Lembro-me de uma reflexão de minha mãe: há os
enganadores porque existem os que querem ser enganados – e estes são muito mais
numerosos.
Em 1580, ou seja, 200 anos antes de Adam Smith, o
francês Michel de Montaigne escreveu, num ensaio sobre os índios brasileiros:
O
profeta prediz também o futuro e o que [os selvagens] devem esperar de seus
empreendimentos, incitando à guerra ou a desaconselhando. Mas importa que diga
certo, pois, do contrário, se o pegam, é condenado como falso profeta e
esquartejado. Por isso não se revê jamais quem uma vez errou.
É o sermão de Montaigne.
REFERÊNCIA:
Michel de Montaigne, Ensaios. Tradução de Sérgio Milliet. Abril Cultural, São Paulo,
1972, pág. 107.
Este artigo será
publicado, simultaneamente, em http://www.blogdatametrica.com.br, http://www.econometrix.com.br e http://www.gustavomaiagomes.blogspot.com (21 nov 2011)
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