Gustavo Maia Gomes
Os
que, como eu, têm mais de 50 anos serão capazes de fazer comparações mentais,
baseados em sua própria experiência, entre as cidades de meio século atrás e as
de hoje. Para os menos vividos, o contraste entre fotografias ajuda a formar
uma ideia das mudanças ocorridas.
Comparem,
por exemplo, fotos antigas e atuais de Belém. O confronto é
chocante. Onde, antes, reinava a calma equina dos cavalos e burrina dos burros -- e as pessoas
andavam pelas ruas na maior tranquilidade, hoje prepondera a poluição visual (e
atmosférica, embora fotos não mostrem isso) com um amontoado de automóveis mal
conseguindo sair do canto ou encontrar pontos de estacionamento.
A
expansão da frota de automóveis, em cidades que não foram preparadas para isso,
provocou não apenas o trânsito caótico que todos nós conhecemos, mas também o
encolhimento das praças, o estreitamento das calçadas, a derrubada de
quarteirões inteiros (em muitos casos, com edificações preciosas indo ao chão).
Tudo em nome do alargamento das velhas ruas e a abertura de novas. E o pior,
sem grandes resultados.
Nem
mesmo Brasília – que foi planejada para o carro – resistiu incólume à avalanche
de veículos ocorrida desde sua fundação, em 1960.
(Excerto de reportagem / ensaio motivada por uma viagem a Belém do Pará. A matéria completa, com fotos, está em https://docs.google.com/file/d/0B_R9cylq9erzTlA2YjQ5aWlIYzg/edit)
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