domingo, 12 de agosto de 2012

Proletários do mundo, uni-vos: nada tendes a ganhar senão vários desastres


Gustavo Maia Gomes

Izaías, genro, e Claudia, filha, são professores universitários e médicos do PSF. (Não é um novo partido: quer dizer, como sabemos, Programa de Saúde da Família, uma fantástica inovação, introduzida em 1994, na forma de o estado brasileiro oferecer assistência médica à população.)
Mas não quero dar notícia e, sim, fazer uma reflexão. Considerando o idealismo dos dois, se tivessem nascido 50 anos antes, ambos seriam -- no pensamento, pelo menos -- revolucionários marxistas, como eu próprio fui, por um breve período. Ao invés disso, são "médicos da família" que sabem estar fazendo um grande bem à humanidade.
Meio século atrás, ofuscados por aquela ideologia idiota, rancorosa e totalitária, poucos de nós aprovaríamos em pensamento essa opção de vida, ou agiríamos em conformidade com ela. Somente a revolução seria capaz de libertar o povo, etc, etc, etc.
E o que aconteceu? Ao invés de melhoria nas condições de vida das pessoas, produzimos uniões soviéticas, alemanhas orientais, coreias do norte, chinas maoistas e cubas variadas. Todas, fracassos econômicos espetaculares; todas, ditaduras as mais sanguinárias. Quem se beneficiou disso?
Marx e Engels trituraram o que eles, desdenhosamente, chamavam de "socialismo utópico". Um século e meio depois, a História mostrou que, se havia um lado "certo" no debate entre os marxistas e pensadores como Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837), Louis Blanc (1811-1882) e Robert Owen (1771-1858) o lado certo era o dos socialistas utópicos.
Izaías e Claudia nunca pensaram nisso, acho eu.
(Publicado no Facebook, em 12 ago 2012)

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