Gustavo Maia Gomes
Izaías, genro, e Claudia, filha, são professores
universitários e médicos do PSF. (Não é um novo partido: quer dizer, como
sabemos, Programa de Saúde da Família, uma fantástica inovação, introduzida em
1994, na forma de o estado brasileiro oferecer assistência médica à população.)
Mas não quero dar
notícia e, sim, fazer uma reflexão. Considerando o idealismo dos dois, se
tivessem nascido 50 anos antes, ambos seriam -- no pensamento, pelo menos --
revolucionários marxistas, como eu próprio fui, por um breve período. Ao invés
disso, são "médicos da família" que sabem estar fazendo um grande bem
à humanidade.
Meio século atrás,
ofuscados por aquela ideologia idiota, rancorosa e totalitária, poucos de nós
aprovaríamos em pensamento essa opção de vida, ou agiríamos em conformidade com
ela. Somente a revolução seria capaz de libertar o povo, etc, etc, etc.
E o que aconteceu? Ao
invés de melhoria nas condições de vida das pessoas, produzimos uniões
soviéticas, alemanhas orientais, coreias do norte, chinas maoistas e cubas
variadas. Todas, fracassos econômicos espetaculares; todas, ditaduras as mais sanguinárias.
Quem se beneficiou disso?
Marx e Engels
trituraram o que eles, desdenhosamente, chamavam de "socialismo
utópico". Um século e meio depois, a História mostrou que, se havia um
lado "certo" no debate entre os marxistas e pensadores como
Saint-Simon (1760-1825), Charles Fourier (1772-1837), Louis Blanc (1811-1882) e
Robert Owen (1771-1858) o lado certo era o dos socialistas utópicos.
Izaías e Claudia
nunca pensaram nisso, acho eu.
(Publicado no
Facebook, em 12 ago 2012)
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