terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Mea Culpa de Mino Carta, o quase-petista arrependido


Gustavo Maia Gomes

Os que acompanham o jornalismo (ou deveria dizer, no caso, revistismo?) brasileiro sabem que Mino Carta nos deu importante contribuição. Sua carreira inclui passagens, em posições destacadas, por publicações como Quatro Rodas, Veja e Istoé – todas revistas de alta qualidade técnica e duradouro sucesso comercial. Nos últimos anos, entretanto, na minha particular avaliação, o homem tornou-se, apenas, um chato a mais, no meio de tantos.

Comercialmente falando, sua revista Carta Capital é uma anã, comparada às outras que ele ajudou a construir. Posso admitir que não seja por isso – mas por fidelidade a elevados princípios – que Mino Carta apoia Lula da Silva e morre de amores por Dilma Roussef. 

Também pode ser falsa a suspeita de que conveniências pecuniárias expliquem suas repetidas demonstrações de admiração pelas realizações do PT, assim como os panos quentes que sempre coloca nas repetidas evidências de corrupção generalizada praticada pelos petistas.

Esta semana, finalmente, Mino Carta entregou os pontos. Sua atitude merece elogios. Sobretudo, se ela tiver sido motivada pela sua fidelidade aos elevados princípios da decência e moralidade.

Copio, abaixo, alguns trechos do Editorial da Carta Capital. Eles não representam adequadamente o inteiro teor do texto – pontilhado de mais-mais-menos-menos, como é próprio de quem não queria dizer o que está dizendo – mas são os mais significativos, dada a história de quem os escreveu.

“O PT não é o que prometia ser. Foi envolvido antes por oportunistas audaciosos, depois por incompetentes covardes.”

“Era o PT uma agremiação de nítida ideologia esquerdista. O tempo sugeriu retoques à plataforma inicial e a perspectiva do poder, enfim ao alcance, propôs cautelas e resguardos plausíveis. Mantinha-se, porém, a lisura dos comportamentos, a limpidez das ações. E isso tudo configurava um partido autêntico, ao contrário dos nossos habituais clubes recreativos”.

“O PT atual perdeu a linha, no sentido mais amplo. Demoliu seu passado honrado. Abandonou-se ao vírus da corrupção, agora a corroê-lo como se dá, desde sempre com absoluta naturalidade, com aqueles que partidos nunca foram”.

(Todos os trechos aspeados são de Mino Carta, “Editorial”. Carta Capital, 4/12/12)

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