sexta-feira, 1 de junho de 2012

João Lesma da Costa Leão


Gustavo Maia Gomes

Nos últimos três anos e meio, o Recife teve como prefeito um homem parado, escondido, ausente, inexpressivo. Uma lesma. Não uso a imagem com intenções desrespeitosas, mas descritivas.

A cidade sofreu as consequências. Ruas com buracos se transformaram em buracos com ruas; novos edifícios se amontoaram nos locais mais impróprios, denotando a legislação permissiva, frouxa, ou, pior ainda, seu flagrante descumprimento; a coleta de lixo, que nunca fora boa, passou a ser péssima.

Mas, então, chegou o ano das eleições e o homem ficou sabendo que seu partido não queria lhe permitir candidatar-se a mais quatro anos fazendo nada. Até um concorrente apareceu, com o velado apoio das mais poderosas forças políticas do Estado. E de Lula. Todo poder emana de Lula e em seu nome será exercido.

Aí ocorreu o inesperado: em poucas semanas, a lesma virou leão. “Tem outro candidato? Disputarei no voto.” “Roubam-me a vitória na prévia? Faremos outra.” “O Diretório Nacional quer que os dois pré-candidatos desistam? Que o bonitinho desista; eu continuo.” Na sua heróica resistência, o recém-leão chegou à bravata de dizer: “não abro nem para um trem”.

Admirável, diriam alguns. Esquisito, dirão outros. Pois, se o homem é um leão na hora de lutar pela sua boquinha, por que passou três anos e meio parado, escondido, ausente, inexpressivo, quando deveria estar administrando a cidade?

Não é evidente que, se o leão vencer todos os obstáculos, chegar a ser candidato e ganhar a eleição de outubro, o Recife terá, de novo, por mais quatro anos, como prefeito uma lesma?


(Publicado no Facebook em 1 de junho de 2012)

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