terça-feira, 30 de setembro de 2014

Reflexões sobre um possível desastre

Gustavo Maia Gomes

Não creio que a eleição esteja perdida para Aécio ou Marina, mas, nos últimos dias, a possibilidade voltou a existir. "O Brasil está à beira do abismo" dizia a Oposição, nos anos 1950; "demos um passo em frente", defendia-se o Governo, em seus discursos.
Para desencanto de muitos, em setembro de 2014, outra vez, o país se encontra à beira do abismo — e uma parcela crescente dos seus eleitores parece disposta a dar um passo em frente. Mantidas as tendências, é para o buraco que vamos. Abismo, quem sabe, que justificará a criação de uma nova estatal, a Buracobras, de onde muitos milhões serão, devidamente, roubados pelos petistas de hoje, amanhã, e sempre.

Paradoxalmente, o renascimento eleitoral de Dilma acontece no mesmo momento em que as evidências da podridão e incompetência proliferantes em seu governo se escancaram: o assalto à Petrobras, a estagnação econômica, a volta da inflação, a crise da energia elétrica, a aliança com os mais repulsivos sarneys, malufs, renans, collors da política brasileira...
Atribuir a novamente possível reeleição da governanta a esse coquetel de horrores não faz sentido. Equivale a dizer que somos uma nação de imbecis. Então, o que resta para explicar essa volta coletiva à beira do abismo? A ação diferencial dos governos petistas em favor dos pobres? É o que eles gostam de trombetear. Trata-se, como soi acontecer, de uma grande falácia, mas compreendo que perceber isso não seja fácil.
Por que "falácia"?
Porque a "opção preferencial pelos pobres" (uma expressão usada muito antes do governo Lula) está escrita na Constituição de 1988 e arraigada na opinião pública brasileira, a tal ponto que nenhum governo dependente de votos se arriscaria a contrariá-la.
Foi assim com o PSDB: Fernando Henrique criou o Bolsa Escola e vários outros programas de transferência de renda, que fatalmente seriam expandidos em uma hipotética presidência de José Serra, após 2002. Além disso, com FHC, houve notável expansão do SUS e durante seus dois mandatos a educação pública fundamental se universalizou.
Acima de tudo, o PSDB derrubou a inflação brasileira, com benefícios somados para as famílias de baixa renda que ultrapassam a soma de tudo o que o PT fez em doze anos. Dizer que somente este partido corrupto beneficiou os pobres é uma grande mentira.
E por que descobrir o engodo não é tão fácil?
Só consigo buscar uma resposta em Goebbels, o genial e "bondoso" ministro da Propaganda de Hitler: "Uma mentira [e duas, e três, e quatro, e cem] insistentemente repetida vira verdade".
O segredo do PT é ter substituído, na cabeça de muitos (não apenas dos pobres), a realidade por uma representação falsificada da realidade. Hitler também fez isso e levou seu país para o abismo, ao mesmo tempo em que fazia os alemães acreditarem que marchavam em direção ao paraíso.
É o que nos espera, em 5 de outubro?

(Publicado no Facebook, 30/9/2014)

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