Estou lendo Lira Neto, (Getúlio, 1945-1954: Da volta
pela consagração popular ao suicídio), que fecha a trilogia. Do autor, já
havia lido não apenas os dois primeiros volumes do mesmo livro, mas também a
biografia do Padre Cícero. São todos ótimos. Recomendo fortemente.
Dentre tantas informações preciosas, destaco duas,
relevantes para o Brasil neste ano eleitoral. Diz Lira Neto: "Após ter
passado quinze anos no poder, Getúlio saíra do Catete [então residência e local
de trabalho do Presidente da República] como um cidadão remediado, sem ter
usado o cargo em proveito do próprio enriquecimento".
(Getúlio, Vol III, pág. 147)
Quando estava morando em São Borja (RS), no auto-imposto
"exílio", Getúlio foi convidado a comparecer a um casamento
importante, no Rio de Janeiro. Decidiu não ir, mas precisava oferecer um
presente compatível. Autorizou sua filha Alzira a comprá-lo. Outra vez, cito
Lira Neto: "Dada a [sua] situação financeira, o pai estipulou um teto de 5
mil cruzeiros (5,5 mil reais) para a compra do presente (...) O valor era
compatível com a ocasião e a posição social da noiva, mas desfalcaria
consideravelmente as já combalidas economias de Getúlio". (vol III, pág.
166)
Ou seja: uma despesa de 5,5 mil reais (em valores de hoje)
"desfalcaria consideravelmente as já combalidas economias de
Getúlio", um homem que havia passado 15 anos no poder, como ditador do
Brasil.
Como isso deve parecer ridículo aos Lulas, Zé Dirceus,
Delúbios, o petista que levava um milhão de reais na cueca, os aloprados, os
compradores de refinarias superfaturadas... Acostumada a desfrutar de milhões e
bilhões, essa gente, com certeza, considera 5,5 mil reais troco de garçom.
Portando, para ela, Getúlio só podia ser um idiota.
Na verdade, idiotas somos nós, que demos emprego a tal
classe de pessoas por tanto tempo.
(Publicado no Facebook, 4/9/14)
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