quarta-feira, 8 de julho de 2015

Ex-Libris

Gustavo Maia Gomes

Ex-libris são desenhos personalizados que se colocam nos livros para informar a quem eles pertencem ou pertenceram. A prática remonta ao século 16 e subsiste até hoje, embora com menor intensidade. Blogs tratam do assunto. Livros, idem. Exposições, igualmente. Há quem colecione ex-libris, assim como existem os que juntam selos postais. Pintores famosos produziram-nos, para si mesmos ou por encomenda.
Claro, só aprecia ex-libris quem ama os livros – e com eles convive. Nem todo mundo tem a felicidade de frequentar bibliotecas. Eu tenho. De certa forma, vivo em uma, ridiculamente pequena, mas funcional para meus propósitos e projetos. (Claro que a expansão da internet está tornando as bibliotecas pessoais obsoletas. Não lamento isso.) Nunca tive ex-libris. Talvez invente um. Antes tarde do que nunca.
Quando criança e até os vinte e poucos anos, desfrutei da biblioteca de meu tio Hermano Cardoso Pedrosa, na sua casa da rua Dr. Albino Magalhães, 61, Farol, Maceió. Não era na minha cidade, mas eu ia lá com frequência e, numa relação quase indecente com os livros, despendia horas infindas lendo filosofia, economia, matemática, sociologia, história – ou tratados sobre o jogo de xadrez, paixão antiga que também nasceu em Alagoas.
Mais tarde, na Universidade de São Paulo e, sobretudo, na de Illinois, bibliotecas se tornaram meus locais de trabalho. Nos Estados Unidos, escrevi a tese doutoral enfurnado na University Library, onde ganhei o direito de usar até um pequeno escritório só para mim. Com muitos livros deparei, então, inclusive, alguns que haviam pertencido a conhecidos intelectuais ou políticos brasileiros. Vários destes tinham ex-libris colados.
Os ex-libris que publico agora foram coletados na internet. Alguns são lindos; outros, diferentes; todos, significativos.

(Publicado no Facebook, em 5/7/15)

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