quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Estranho mundo da tecnologia

Gustavo Maia Gomes
Precisando eu me comunicar com Maria Placidina Barbosa, para saber notícias do primeiro sobrinho, Antonio, tive a ideia de estacionar o carro e usar o burrofone. Atendeu uma voz feminina: "Seu mal é pensar que isso aqui funciona. Nunca ouviu falar de mim, quero dizer, da Tim? Só falo quando quero e, quase sempre, em gravação."
"Tenho problemas com celulares", pensei, no exato momento em que via um orelhão. Com as fichas descobertas no cinzeiro, tentei de novo falar para o mundo. Nada feito. Voltei para o carro e apressei a marcha, ouvindo do rádio as únicas notícias que a CBN dá aos domingos: o treino do Náutico, a derrota do Bela Vista, o gol em impedimento de Zéca Olho.
Já em casa, pelo Skype, contactei Lourdes Barbosa, que está em Breda, Holanda. Teria eu anotado o número errado? Não. "Espere um pouco, respondeu-me. Vou mandar um whatsapp para ela". Cinco minutos depois, tocou o telefone fixo, relíquia que me prende ao passado. Era Hugo Barbosa, o primo inter primus. Estava trazendo Antonio.
Conclui que a tecnologia, afinal, me havia socorrido, do Recife até Breda, ida e volta. Ledo engano. Hugo não recebera mensagem nenhuma. Tinha vindo por que viria de qualquer forma, seguindo instruções antigas. Na porta da casa onde Antonio ora reside, inventou um jeito de se comunicar comigo, pois o interfone daqui emudeceu, desde ontem.
Fechando a história, clico de novo o Skype, buscando Lourdes. Debalde. Tóim, tóim, tóim -- e nada. Lembro-me do Facebook. Quem sabe, ela está no Facebook? Mundo novo da tecnologia. Enquanto isso, meu avô ainda espera que sua carta à namorada, enviada em 1943, seja respondida. Acho difícil, mas, quem sabe, se a Tim assumir os Correios?
(Publicado no Facebook, 8/11/15)

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