quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Sobre a proposta de cortar parte dos recursos do Bolsa Família

Gustavo Maia Gomes
(Pergunta do jornal O POVO, Fortaleza): O corte de R$ 10 bilhões no Bolsa Família, proposto pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR), é uma medida viável dentro do ajuste fiscal?
 SIM 
O que pretendia o governo Dilma Rousseff ao enviar ao Congresso uma proposta orçamentária com um buraco de R$ 30 bilhões? Duas coisas: pressionar deputados e senadores a aprovarem mais impostos, especialmente, a CPMF, e passar a imagem de que é bonzinho e não cortaria despesas sociais. Deu um tiro no pé, mas isso pouco altera a situação de quem já não tem mais pé. Nem cabeça.
Logo ficou claro que a sociedade brasileira não aceita pagar mais impostos para financiar a demagogia. Deputados e senadores não são ingênuos. Sabem que, se forem contra o sentimento popular, perderão os votos. Portanto, não aprovarão a CPMF. É, igualmente, óbvio que aprovar um orçamento deficitário num momento em que a dívida pública federal está explodindo constituiria demonstração 
de insensatez.
Resta o quê? Cortar despesas. É cristalino, aritmético, ululante. O deputado relator da proposta orçamentária deve ter analisado umas dez vezes as cinco mil linhas de gastos que o governo mandou para o Congresso, antes de concluir que não será possível eliminar o déficit sem cortar, também, despesas sociais. Portanto, está recomendando podar um pouco o Bolsa Família. Simples assim.

Não creio que o deputado quisesse cortar despesas sociais. Acho que ele apenas percebeu não existir outra saída. Esse governo irresponsável vendeu, durante anos, a ideia de que poderia produzir riquezas gastando um dinheiro de que não dispunha e nem tinha como tirar da sociedade. Ao invés de riquezas, produziu dívidas, que agora terão de ser pagas. 
Mais impostos, ninguém quer e nem aceitará, sem reagir. O Bolsa Família, ou algum outro programa de gastos, terá de ser cortado. Não devíamos brigar com a aritmética. Devíamos, sim, arranjar outro governo. Quanto mais cedo, melhor.
(Publicado em O Povo, Fortaleza, CE, 13/11/15)

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