terça-feira, 29 de novembro de 2016

CA(tá)STRO(fe)



Como ícone político, Fidel Castro (mas, não apenas ele) representou a junção de duas ideias que, com a passagem do tempo, se revelaram catastróficas para a humanidade:

(1) Uma pessoa (ou classe social, ou país) é pobre porque outra pessoa (ou classe social, ou país) é rica e a explora.

(2) A igualdade, obtida pela eliminação da exploração e a oferta de serviços públicos gratuitos, é o principal indicador de justiça de uma sociedade.

A primeira ideia me exime de qualquer responsabilidade por minha pobreza. Portanto, eu (pessoa) não tenho que trabalhar mais, ser mais cioso de meus deveres, estudar, me qualificar. Basta-me encontrar quem me está roubando e matá-lo. Portanto, eu (país) não tenho que criar leis e ensinar valores (como o respeito ao lucro honesto) que assegurem a liberdade econômica e incentivem a produção. Basta-me culpar a burguesia, o colonialismo, o imperialismo e expulsá-los todos de meu território.

A segunda ideia implica que a distribuição é mais importante que a produção. Também implica que devemos preferir a igualdade dos pobres (ou seja, uma sociedade em que todos são igualmente miseráveis) à desigualdade dos ricos (ou seja, uma sociedade onde há pobres e ricos, mas, mesmo os que têm menor renda ganham mais do que os habitantes da sociedade igualitária). 

Mao, Stálin, Hitler e Fidel 

A primeira ideia levou Fidel Castro a expropriar o patrimônio de empresas estrangeiras (e nacionais), assim como lhe possibilitou "explicar" quase sessenta anos de pouca ou nenhuma melhora na pobreza de Cuba pelo bloqueio comercial imposto pelos EUA (uma política, certamente, burra), ao mesmo tempo em que seu regime ditatorial impunha desestímulos absolutos (leia-se: socialismo) à geração interna de riquezas.

A segunda ideia, facilmente vendável a compradores incautos, permitiu a Castro fuzilar os opositores, eliminar a liberdade de expressão, eternizar-se no poder — tudo em nome da implantação de uma sociedade onde não houvesse exploradores —, assim como se redimir dos seus crimes pela oferta gratuita de serviços de saúde e de educação para os cubanos que não contestassem o regime político.

Isso parece fantástico, mas as tentativas anteriores (que Fidel conhecia) de implantar sociedades sem "exploradores" tinham resultado na China de Mao (milhões de mortos em consequência da coletivização da agricultura), na União Soviética de Stálin (milhões de ucranianos mortos pela expropriação de suas colheitas) e na Alemanha de Hitler (milhões de judeus mortos no Holocausto).

Além disso, no caso da tirania de Fidel, vale lembrar que:

(a) A saúde é um bem infinitamente valioso, sim, mas não era necessário manter o país na miséria para oferecer bons serviços de saúde ao povo. A Inglaterra, por exemplo, faz isso melhor do que Cuba e é um bocado mais rica. Também não há fuzilamentos políticos naquele país, nem ditadores eternos.

(b) A educação é um bem muito valioso, sim, principalmente, quando podemos ler não apenas placas de ônibus e propaganda do governo, mas boa literatura e notícias verdadeiras, não censuradas. Tampouco adianta muito formar-se em medicina e, depois, ter como única opção profissional vir trabalhar no Brasil como escravo de ganho.

Oferecer saúde e educação para o povo e, em troca, garantir seis décadas de exercício incontestado de poder é um negócio que, se fosse proposto nesses termos, seria aceito por qualquer canalha. Como Fidel Castro, por exemplo.

(Publicado no Facebook, 27/11/2016)

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