quinta-feira, 10 de maio de 2012

O que é bom para a Fifa é bom para o Brasil?

Gustavo Maia Gomes

O Senado aprovou ontem (9/5) o projeto da Lei Geral da Copa, sem incluir a proibição ao consumo de bebidas alcoólicas nos estádios e, portanto, contrariando o Estatuto do Torcedor (uma lei feder
al) e várias leis estaduais.

Das duas uma: ou a proibição de bebidas não vem tendo efeito e deveria ser revogada ou vem tendo efeito e não deveria ser revogada. Eliminá-la temporariamente é uma estupidez; suspendê-la apenas durante a Copa exala mau cheiro.

Pior é a justificativa da senadora Ana Amélia (PP-RS), relatora do projeto: "essa foi a questão que mais me trouxe dificuldades. Se devia coibir a venda de bebidas alcoólicas [sua inclinação natural, disse ela] ou respeitar um contrato internacional.”

Alguém poderia ter informado à senadora que um contrato internacional contendo cláusulas proibidas pelas leis do país vale tanto quanto o dinheiro da Somália, ou seja, nada. A autoridade governamental que o assinou se expôs à acusação de haver cometido um crime.

Mas Ana Amélia não se contentou com apenas uma barbaridade: “trabalhei com um olhar muito mais objetivo que sentimental”. E foi adiante: “fica marcada a transitoriedade e a excepcionalidade da lei para a Copa do Mundo".

Ou seja: ela é a favor da proibição das bebidas, presumivelmente, por acreditar na sua eficácia para conter a violência nos estádios. Mas manda revogar a proibição exatamente no período em que será maior o perigo de a violência acontecer.

Como diria o macaco-filósofo Sócrates: não precisa explicar, eu só queria entender.

(Publicado no Facebook/Gustavo Maia Gomes em 10 mai 2012)

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