quinta-feira, 28 de março de 2013

Jabor e os padres


Gustavo Maia Gomes
Numa das suas crônicas recentes, Arnaldo Jabor escreveu, mais ou menos, o seguinte: “Havia no colégio um padre querido pelas crianças. [Um dia, ele me disse:] ‘Vem até meu escritório’. Fui. O padre me agarrou e me deu um beijo na boca. Fugi em pânico até a saída, onde meu pai me esperava no carro, e, apavorado, não disse nada. Só contei em confissão a outro padre, que fingiu não entender”.
***
Jabor não revela o diálogo inteiro que teve com o padre confessor. Imagino que tenha sido este:
– O padre João me levou ao escritório e me beijou na boca.
– Não pode ser.
– Foi.
– Reze um Pai Nosso para afastar maus pensamentos. Quais são seus pecados?
– Punheta, padre, punheta.
– Pensando em quem?
– Em Gina Lollobrigida e em outra mulher.
– A Lollô, eu conheço. E a outra, é bonita?
– Linda.
– Reze 200 ave marias e está absolvido.
– Vai piorar, padre.
– Por quê?
– Não posso dizer.
– Se não disser, vai pro inferno.
– A outra é Maria.
– Que Maria?
– Essa aí prá quem o senhor mandou eu rezar.
– A Virgem???
– Por isso mesmo.
– É muito grave. Tenho que falar com o bispo. Volte depois de amanhã.
***
Dois dias depois, de volta ao confessionário, Jabor quis logo saber:
– O que ele disse?
– Que seu atrevimento é imperdoável.
– Por quê?
– Não posso dizer.
– Se não disser, vai pro inferno.
–O bispo ficou indignado: Maria já está nas punhetas dele.

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