segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

Apoio a William Waack

Gustavo Maia Gomes
(10/11/2017)

Todos nós já dissemos privadamente frases que não diríamos em público. Repetimos piadas de português. Imitamos trejeitos de homossexuais. Debochamos da pátria. Desejamos que notórios corruptos ainda não condenados em segunda instância sejam mortos em praça pública.
Nelson Ferreira era negro. No carnaval de 1959, sua música de maior sucesso tinha este refrão: "Dizem que em sessenta nego vai virar macaco". E não parava aí: "Ah, meu deus, que grande confusão. Se for verdade o que diz o profeta, penca de banana vai custar um milhão".
Não, leitor, o grande maestro e compositor pernambucano não tinha preconceito contra sua própria raça. Não, leitor, nem você, nem eu, apenas por termos pronunciado frases inconvenientes, em conversas reservadas, merecemos ser execrados. Não somos xenófobos, nem homofóbicos, nem traidores da Nação, nem nazistas.
William Waack é, acima de tudo, um grande profissional da mídia. Tem livros valiosos publicados. Conduz com rara maestria um programa de debates na TV por assinatura. Não se furta a emitir opinião política forte, quando considera tal manifestação necessária.
Se ele disse, em ambiente fechado, algo que não corresponde às suas convicções, que lhe fosse dada a oportunidade de desculpar-se. O assunto estaria encerrado e continuaríamos todos a desfrutar de sua atuação impecável como entrevistador na TV ou articulista nos jornais.
Tirá-lo de circulação, como se anuncia ter sido feito por seus empregadores, é uma violência incomparavelmente mais condenável do que o pecadilho que ele possa ter cometido. Além de que, para piorar as coisas, a probabilidade maior é que seu substituto (cujo nome desconheço, se já foi escolhido) venha a ser um idiota bem comportado.

Quando todas as posições, não apenas na TV, mas na política, nos esportes, na cultura, nas igrejas, nas agências de viagem, na puta que o pariu, estiverem preenchidas por idiotas bem comportados, alguns de nós lembrarão com saudade de William Waack. Outros, satisfeitos com a própria vitória, trarão de volta Dilma Rousseff e seus discursos à Presidência da República.

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