terça-feira, 20 de novembro de 2018

DESPACHE AS MALAS, EINSTEIN


Gustavo Maia Gomes
(Brasília, 14 nov 2018)
Desde algum tempo, as empresas aéreas passaram a cobrar pela bagagem despachada. Em reação, os passageiros agora levam tudo para a cabine. Como ali não existe espaço suficiente, inventou-se o despacho das malas feito na fila de embarque. Por isso, voos atrasam.
Ignorar princípios econômicos básicos não costuma dar bons resultados. Em "O Trem para Branquinha", escrevi, sobre a desastrada passagem de Rui Barbosa pelo Ministério da Fazenda, no governo Deodoro: “meio economista é pior que nenhum”. Nosso país está repleto de meio economistas.
Por que Einstein, quando Hitler tomou o poder na Alemanha, não veio para o Brasil? Ele se achava nos Estados Unidos e decidiu permanecer ali. Cheguei a imaginar que o gênio da Física tinha vindo procurar emprego numa universidade brasileira. Teria havido o seguinte diálogo.
– Senhor Aristeu...
– Einstein.
– Eisenstein?
– Não, Einstein. Albert Einstein, o criador da Relatividade.
– Minha mãe já dizia que tudo é relativo...
– Ela era física?
– Não, espiritual. Aliás, espiritualíssima.
– Entendo.
– Quer emprego de professor?
– Sim.
– Qual seu maior título?
– Doutor.
– Temos uma vaga.
– E o salário?
– Tá vendo aquele senhor deitado na rede?
– Sim.
– Rescaldo Sangrento. Nunca fez nada, mas é doutor.
– E daí?
– Pergunte o salário dele. Será o seu.
O suíço-alemão preferiu ser professor em Princeton, uma das melhores universidades americanas. Lá, foi Einstein até morrer. Aqui, em respeito à isonomia, ele teria sido apenas mais um Rescaldo Sangrento.
Meio economista é pior do que nenhum.
(Publicado no Facebook)

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