Gustavo Maia
Gomes
Ao contrário da fruticultura
irrigada, que só existe onde há água, o futebol está em toda parte. É um grande
negócio, que ninguém pode ignorar, pois sobre ele os jornais escrevem, as
rádios falam, as tevês mostram, os repórteres reportam, os comentaristas
comentam e os torcedores distorcem.
Ainda mais agora quando, reabertos
os campeonatos estaduais, os clubes contratam novos jogadores. E que jogadores!
Se colocados juntos, formariam a seleção dos sonhos. Ou um drime-time, como diriam os americanos. Posso provar, ajudado por algumas
notícias colhidas na internet.
“O Fortaleza contrata Careca”; o Santa
Cruz, Rodrigo Arroz; “XV de Piracicaba contrata esotérico”; o Palmeiras, Román;
o Bahia, Boiadeiro; o Vitória, Wellington Saci. “Max Pardalzinho será novo
reforço do Guarani”; Pescoço, o do São Caetano Futsal. “Luverdense contrata Xerife”;
o América, Marx Freud; o Sport, Jheimy; o Sergipe, Tales e Mocley. “ABC
contrata Eliélton e empresta Nego” (atualmente, chamado Afrodescendente, para não parecer racismo.) “Linense contrata Pedrão, que estava encostado”; o Grêmio
contrata Léo Gago; o Vasco, Erivélton.
Com tantos talentos, o técnico
Rei do Acesso, contratado pelo Juventus, teria dificuldade em escolher os onze
que primeiro entrariam em campo. Mas, finalmente, aconselhado pelo esotérico do
XV de Piracicaba, ele escalaria um 4-2-4 com:
·
Erivelton, no
gol.
·
Boiadeiro, Xerife,
Román e Wellington Saci, na zaga.
·
Pescoço, Léo
Gago, Pedrão Encostado e Marx Freud.
As escolhas mais controversas
seriam as de Saci, Careca e Pescoço. Mas, na entrevista coletiva, Rei do Acesso
justificaria: “Saci não leva bola entre as pernas”; “Careca penetra fácil”; “Pescoço
era do futsal, mas estava duro...”. De Marx Freud, por razões que ambos
explicam, o técnico preferiria não falar. Os locutores Garganta de Osso e Bola
de Couro narrariam tudo, com aquela entonação de voz tão agradável aos ouvidos.
Afinal, futebol é isso mesmo, conversa e mais conversa; de fazer gol, ninguém
mais lembra.
E aí, por azar, no primeiro jogo,
Leo Gago seria expulso. Inadvertidamente, o repórter de pista lhe perguntaria o
que ele achava do juiz:
– É um fi... fi... fi... fi...
Este artigo
será publicado, simultaneamente,em http://www.blogdatametrica.com.br,
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e http://www.gustavomaiagomes.blogspot.com
(17
jan 2012)
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