terça-feira, 27 de outubro de 2015

Um túnel no fim do túnel?

Gustavo Maia Gomes
Para onde estamos indo? Todos queremos saber, ninguém sabe. Muito menos, eu. Arrisco-me, apesar disso, a dar alguns palpites. O mais fundamental é que, sem o afastamento da presidente (por cassação, impeachment, renúncia, ou outras possibilidades) não haverá solução para a crise econômica e política.
Por que? Porque esse governo É A CRISE. Todas as dificuldades que estamos vivendo são consequência da desonestidade (Petrolão, vendas de MPs, pedaladas fiscais, mentiras da campanha eleitoral, fraudes contábeis, etc) e da incompetência (descalabro fiscal, congelamento de alguns preços, ré-regulamentação caótica do setor elétrico, etc) de Dilma e seus comparsas.
Mas, em nenhum momento, eles acham que erraram. Portanto, não podem se credenciar, nem diante do povo, nem diante do Congresso, nem diante dos investidores do Brasil ou do Exterior, como portadores de uma saída para a crise. Perderam os últimos vestígios de credibilidade. E, sem credibilidade, nenhuma saída será, jamais, construída.
Os demais palpites, eu os agrupo em três cenários.
CENÁRIO UM: DILMA CONTINUA NA PRESIDÊNCIA. Crise econômica se aprofunda, por falta de apoio político (inclusive, do próprio governo) para o ajuste fiscal, que só poderia vir pelo aumento de receitas (CPMF). Dólar continua a subir. Capitais externos deixam de vir e, ao contrário, saem. Inflação cresce acima das expectativas mais pessimistas. Clima de incerteza reduz o investimento interno. Juro se eleva para tentar reverter saída de capitais. Renda das pessoas cai. Desemprego aumenta. Todo esse processo se autoalimenta, mas, como se não bastasse, o governo continua piorando as coisas fazendo tudo errado. Torna-se cada dia mais claro que, com Dilma na presidência, a crise ficará sempre pior.
CENÁRIO DOIS: TSE CASSA A CHAPA DILMA-TEMER. Grande incerteza política. Crise econômica continua. Instabilidade se prolonga até às próximas eleições presidenciais (que podem acontecer em três meses ou em dois anos). Probabilidade de aparecer um candidato forte do PSDB, talvez tendo um vice do PMDB. Probabilidade, por outro lado, de aparecer um forte candidato porra-louca, à lá Collor 1989. Se ganha chapa PSDB-PMDB podem ser recriadas condições de governabilidade. Um programa sério de ajuste fiscal, inclusive com aumento de impostos, poderia ser tocado. Melhoria de expectativas levaria a lento retorno à normalidade econômica, via entrada de capitais externos, queda do dólar, alguma recuperação do investimento interno. Se ganha o porra-louca, caminhamos para a hiperinflação com a economia ainda estagnada, alto desemprego e renda por habitante em queda.
CENÁRIO TRÊS: IMPEACHMENT. Temer pode se tornar um líder, se não houver denúncias contra ele, diante da necessidade de todos nós nos ampararmos em qualquer possibilidade de salvação que tenha um mínimo de credibilidade. O "cheque em branco" que ele receber poderá ser usado para cortar mais despesas, recriar a CPMF, fazer algumas compensações não muito caras para acomodar os mais prejudicados com o ajuste. A confiança se restabeleceria. Os capitais externos voltariam. Diminuiriam as pressões de aumento do dólar. A inflação deixaria de aumentar. Uma frente política ampla (PMDB, PSDB, PPS, PSB, DEM) poderia ganhar legitimidade elegendo o PT como o inimigo público número um. Petistas seriam processados em série, reabrindo casos como o Sanguessuga, a morte de Celso Daniel, a participação de Lula no Mensalão, etc). A recuperação da governabilidade permitiria a retomada do investimento interno. A economia começaria a reagir, com a volta do crescimento.

(Publicado no Facebook, 11/10/15)

Nenhum comentário:

Postar um comentário