terça-feira, 11 de dezembro de 2018

POTIGUAR, MINEIRO E CARIOCA

(Da série "Os Pedrosa Escritores")
Gustavo Maia Gomes
(Recife, 29-11-2018)
Dentre os livros que me foram recentemente emprestados por Zenaide Pedrosa, mulher de Olimpio Bonald, neto, está “Américo – Este mundo e o outro” (Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1962), de Milton Pedrosa.
– Achei-o na biblioteca deixada por meu sogro [Alcindo Pedrosa, 1900-92], mas não sei se o autor é nosso parente –, advertiu-me.
Descobri que Milton de Albuquerque Pedrosa (1911-96), nascido em Mossoró (RN), filho de Eriberto Napoleão Pedrosa e Bráulia de Albuquerque Pedrosa, formado em Direito em Belo Horizonte (MG), advogado, jornalista, diretor da Ultima Hora (RJ), empresário e autor de livros bem recebidos pelo público e a crítica, não foi meu parente. Nem nosso, referindo-me aos demais Pedrosa com raízes nas cidades da Mata Norte pernambucana São Vicente Ferrer, Macaparana, Nazaré da Mata, Timbaúba.
Essa não foi uma descoberta imediata, entretanto. Antes de fazê-la, reuni sobre Milton Pedrosa muitas informações valiosas, que fui arquivando na esperança, é claro, de em algum momento encontrar prova de que possuíamos ligações familiares. O fato de ele ter nascido em Mossoró não constituía evidência definitiva em contrário. Muitos dos Pedrosa pernambucanos de gerações mais velhas foram viver em outros estados. No Rio Grande do Norte, inclusive.
A nota de Mauritônio Meira (“Última Hora”, RJ, 1-6-1956), entretanto, encerrou a questão: “[Milton] Pedrosa esclarece às pessoas que sempre lhe perguntam: não é parente de Mario Pedrosa (crítico), nem de Israel Pedrosa (pintor-editor), nem de José Pedrosa (escultor), nem de Silvio Pedrosa (ex-governador potiguar), nem de Luna Pedrosa (diretor do DOPS [órgão policial]), nem de Amaury Pedrosa (deputado)”.
Se Milton não era parente de Mario, então, não era meu, tampouco. Lastimo, pois ele teve uma vida produtiva e diversificada. Foi comunista, ou simpatizante, a ponto de ser visitado em casa pela polícia; escreveu contos, romances e reportagens; exerceu funções de direção em empresa jornalística; foi dono de editora. Sobre um dos seus livros (“Noite e Esperança”, 1960), o crítico literário Astrogildo Pereira disse que “se pode sem hesitação classificar de obra-prima”.
Mesmo sem ser meu parente, Milton era Pedrosa e escritor. Merece ter seu nome lembrado aqui.

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