quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Os produtos do Alto Amazonas (1861)

Gustavo Maia Gomes
A pesca do pirarucu (peixe que pode atingir 200 kg de peso) era uma atividade econômica importante no Amazonas do século 19. (Foto colhida na internet; Instituto Ciência Hoje / UOL)

Em 1861, o governo de Pedro II organizou a Exposição Nacional da Indústria, no Rio de Janeiro. As províncias foram convidadas a participar e o Amazonas, efetivamente, lá esteve mostrando o que produzia. Em outra matéria, falei das ervas medicinais. Agora trato dos “produtos agrícolas”.
Na verdade, a despeito do eufemismo, praticamente, não havia agricultura – apenas, extrativismo – no Amazonas. Além disso, o Anexo ao Relatório do Presidente da Província Manoel Clementino Carneiro da Cunha à Assembleia Legislativa (1862) que, em parte, transcrevo a seguir, também relaciona objetos artesanais.
Com essas ressalvas, copio seletivamente do “Relatório sobre os produtos agrícolas do Alto Amazonas” (Manaus, 23 de outubro de 1861), assinado por Antonio Gonçalves Dias. Mantenho a ordem em que os vários itens aparecem no documento.
CAFÉ, CACAU, PIRARUCU...
Café. O melhor, antigamente, era o de Coari e Teffé, no Solimões. Seu uso é bem conhecido. Consome-se algum na província e o restante é exportado para Belém do Pará. É para lamentar não só que seja péssimo o sistema de fabricar o café, como também que a cultura de tão importante ramo do comércio vá caindo em total abandono, quando há na província excelentes terras para ela.
Cacau. Os usos do cacau são bem conhecidos. Figura em matéria médica, na escala dos gêneros alimentícios, no fabrico de sabão, etc. Mas na Província, o pouco que se consome emprega-se apenas no chocolate e manteiga; o restante é exportado para Belém. Esse ramo do comércio prospera, mas não sua cultura; há muito cacau silvestre na Província. O fabrico da seringa, peixe, manteiga de ovos de tartaruga, e castanha rouba o tempo à população e não permite que ela se entregue à lavoura.
Pirarucu. Peixe grande (há até de dez palmos) dos rios da Província, cuja salga lhe fornece um de seus principais ramos de comércio. O peixe é pescado de três modos, ordinariamente: flechado com sararaca, arpoado e fisgado. Uma ou outra vez também o pescam em redes fortes preparadas especialmente para pesca dele e do peixe-boi.
Atendendo-se ao grande consumo deste gênero na Província e a quantidade exportada, vê-se que vai em grande aumento e no futuro provavelmente virá a substituir, ao menos nas províncias do Norte, o bacalhau, que não lhe é superior.
Favas de Cumaru. São sementes de uma árvore monocotiledônea. Seu fruto é semelhante ao ovo de galinha achatado dos lados. Tem cheiro muito agradável e dá excelente óleo. É quase todo exportado para o Pará. Há muitos anos a exportação desse gênero varia de dez a quinze arrobas. Não é cultivado.
TABACO, GUARANÁ, BORRACHA
Antonio Gonçalves Dias, autor do “Relatório sobre os produtos agrícolas do Alto Amazonas” prossegue:
Salsa. Raízes da planta salsaparrilha do México, Peru e Brasil. Dela fazem uso terapêutico e, em países frios, a higiene. Muito pouca se consome aqui, vai quase toda para o Pará, donde é exportada para dentro e fora do Império. Este ramo do comércio tem sido, há trinta anos, estacionário.
Tabaco. O mau amanho [arte ou técnica de cultivar ou lavrar a terra] do tabaco atualmente vai fazendo-o perder certas qualidades que lhe davam a primazia sobre muitos outros conhecidos; dessa infelicidade não escapa nem o fumo de Borba. A precipitação que há no fabrico deste gênero e a falta de braços roubados pelo fabrico de outros, especialmente da seringa, duplicam a decadência desse ramo do comércio.
Taquari. Tubo por onde se fuma em cachimbo. É uma taboca fina pintada com mais ou menos gosto e de diversos tamanhos, desde palmo e meio até cinco ou seis.
Anil. Goma das folhas do arbusto de mesmo nome. Hoje, o pouco que se prepara é aqui mesmo consumido; antigamente, porém, exportava-se algum. É empregado pelas engomadeiras em corar de azul a roupa branca.
Casca de Umeri. Casca de uma árvore deste nome, de que se extrai óleo muito aromático. Não é gênero de comércio.
Guaraná. Suco gomo resinoso do arbusto Paul linia Sorbilis, planta do Amazonas. Nesta província, só no distrito de Maués prepara-se o guaraná tal qual aparece no mercado. Aí os regatões ou mascates da Província e negociantes vindos do Mato Grosso pelo Tapajós e Madeira o compram todo. Esse ramo do comércio vai em aumento, conquanto a extração da seringa não permita à sua cultura o desenvolvimento de que é digna.
Seringa [Borracha]. Goma resina da seringueira. Tal qual vem ao mercado, obtém-se golpeando a árvore, recebendo o líquido em pequenas vasilhas de barro ou de folha de Flandres, que se pregam na árvore abaixo do golpe e reunindo-o em vasilhas grandes. Não se faz dela uso na Província, sendo toda exportada para o Pará. O fabrico desse gênero na província data de dez a doze anos e começou no rio Madeira, cujas terras estão cobertas de seringais.
Castanha. Fruto do castanheiro (Castanha do Maranhão, impropriamente chamado nas províncias do Sul). Alta e frondosa árvore da América do Sul. Faz da castanha grande uso na Província a arte culinária, em substituição ao coco, que é raro e cujo gosto é muito semelhante. Esse ramo de comércio vai em grande aumento, mas a população não planta um castanheiro; limita-se a colher no tempo próprio.
Puxeri. Semente de uma árvore do egapó (baixa alagada) dicotiledônea. Retrograda muito este ramo do comércio. Pouco fica na província, sendo quase todo exportado para o Pará.
Sementes de Mamona. Sementes de mamoneira, planta muito conhecida. Extrai-se seu óleo, de que vai uma amostra, pelo processo comum. Não figura no mercado como ramo de comércio, nem é cultivada.
Caruru – Sal Vegetal. É uma das maravilhas do Rio Negro, uma espécie de caruru que cresce nas pedras das cachoeiras quando com a seca vão ficando descobertas. É excelente salada o espernegado. Comem-na também cozida com peixe, ao qual fornece o sal comum. Deste caruru sabem os índios extrair o sal com processos mais grosseiros, sem dúvida, mas na essência os mesmos que outros mais civilizados poderão empregar.
OVOS DE JACARÉ, TARTARUGA, TRACAJÁ
Continuo a citar o Relatório escrito em 1861:
Ipadu. Pó das folhas do arbusto do mesmo nome. Prepara-se torrando as folhas, pilando-as e juntando-lhes um pouco de tapioca ou de cinza. Os indígenas fazem grande uso dessa preparação, conservando, como os mascadores de fumo, no canto da boca, um pouco dela. Creem que os alimenta, porque lhes tira o apetite e reduz o estômago ao estado de inércia.
Urucu. Sementes da árvore do mesmo nome. Da infusão n’água deixa uma tinta encarnada, muito linda, com que os indígenas pintam suas manufaturas e algumas tribos a si próprias. Usa-se também na arte culinária. Conquanto haja algum na Província, não é exportado, nem tem preço de mercado.
Ovos de Jacaré. Não têm serventia na Província, conquanto a casca seja excelente lixa.
Ovos de Tartaruga. Matéria prima da manteiga chamada de ovos de tartaruga, ramo do comércio desta Província. Prepara-se cavando nas praias os ovos que as tartarugas aí depositam na vazante dos rios; enchendo deles uma montaria (canoa pequena); esmagando-os com os pés, como fazem em outros lugares os amassadores de barro de olarias pouco aperfeiçoadas; deitando-lhes um pouco de água; e deixando à natureza o trabalho de separar das outras matérias que entram na composição do ovo a parte gordurosa, a qual fica na superfície, donde é tirada para se depurar em tachos ao fogo.
Serve a manteiga para iluminação particular, para conserva de diversos gêneros alimentícios, a que chamam mexiras, e para condimento. Os ovos, além de servirem de matéria prima para a manteiga, são alimento da população. Vai em decadência esse ramo do comércio.
Ovos de Tracajá. Ovos de um anfíbio semelhante à tartaruga, porém menor. Servem de alimento à população e são preferidos aos de tartaruga, por serem mais saborosos. Pode-se fazer manteiga seguindo-se o mesmo processo que para a dos ovos de tartaruga, todavia não a preparam porque, havendo poucos ovos desse animal, e sendo mais saborosos que os outros, preferem comê-los.
Amostras de algodão em Capucho (de Castanheiros e de Manaus). Gênero de pouco produto e de nenhuma exportação da Província, posto que as terras do Rio Negro, Madeira e provavelmente a de muitos outros afluentes do Solimões sejam convenientemente próprias para essa cultura. [As] amostras [remetidas ao Rio de Janeiro foram] apanhadas ao acaso e mal dão uma ideia do que seria o produto quando fosse mais bem cultivado e preparado. Capuchos abundantes, senão muito grandes, fibras lustrosas resistentes e destacando-se com facilidade do caroço”.
FARINHAS E RALOS
O Relatório continua a enumerar os produtos que o Amazonas enviara à Exposição Nacional da Indústria, no Rio de Janeiro:
“Uma peça de tucum, uma dita de dito grosso, uma maqueira [rede de dormir] de tucum entrefina, uma dita de miriti, uma dita de Miranhas (Jupurá), uma dita emplumada, cordas de uaicima para rede, ditas de tucum dita, cordas de cabelo (Rio Branco), um pote (dos índios do Içana), quartinhas de Barcelos, jarro e prato de louça pintada, um par de bilhas [vaso de barro com gargalo curto e estreito] pintadas, um alguidar (do Amazonas), um prato (do Amazonas), panelas (do Rio Negro), polvilhos, araruta, tapioca, farinha d´água (branca), farinha d´água (amarela), tipiti para mandioca”.
O “tipiti”, instrumento inventado pelos índios, servia para espremer a massa de mandioca ainda crua, de modo a extrair-lhe parte do caldo venenoso, mas aproveitado na fabricação do molho tucupi.
A Farinha de Mandioca merece extensas considerações de Gonçalves Dias:
“É fabricada de duas maneiras na Província, donde provêm as denominações farinha d´água e farinha seca ou branca”. Na primeira, “põe-se a mandioca no molho durante quatro ou cinco dias, depois, amassa-se com água e aperta-se no tipiti para extrair o caldo. Feito isso, peneira-se a massa na gurupema e coze-se em fornos de barro. Quase sempre, junta-se um pouco de massa fresca a mandioca puba. É a farinha d´água”.
“Para preparar-se a farinha seca”, prossegue o Relatório, “ralam as raízes da mandioca, depois de limpas, em ralos de mão, junta-se água, e levam a massa ao tipiti para enxugar; peneira-se e coze-se. O caldo da mandioca deixa-se em repouso por algum tempo, para que se deposite a tapioca, que é lavada duas ou três vezes para então secar-se ao sol e ser levada ao mercado com o nome de goma, ou ao forno para cozer-se a farinha de tapioca. O caldo da mandioca depois de fervido denomina-se tucupi e é aproveitado para molho depois de bem fervido”.
“Há na Província 14 qualidades de mandioca”, informa, ainda, Gonçalves Dias, “umas amarelas, outras brancas, umas que chegam ao completo desenvolvimento em seis meses, outras em dez e doze. Os naturais aproveitam as vazantes para, pelas margens dos rios, que ficam a descoberto pelo verão, plantarem a mandioca de seis meses”.
Mais produtos são enumerados: “tipiti para óleos, balaios sortidos, urupemas ou gurupemas, frutos de ouricuri (com cujo fumo solidificam a goma elástica), pacarás, chapéus do Rio Negro, chapéus de grelo de tucumã, chapéu feito por um gentio Cucama, tupês ou esteiras, ralos de Uaupés”.
Esses últimos, os Ralos de Uaupés, recebem descrição demorada. “É um invento curioso dos índios do Uaupés de uso frequente em todo o Rio Negro para o fabrico de farinha e de exportação como objeto de curiosidade. Engastam na madeira escavada e curvas uns como dentes de sílex rigíssima [rigidíssima?], aos quais dão desenhos variados, concluindo por dar-lhes uma mão de breu de sorva para as segurar melhor. São de diferentes tamanhos”.
“Esse ramo da indústria dos índios do Uaupés”, informa Gonçalves Dias, não é tanto um objeto de curiosidade, como à primeira vista nos poderíamos persuadir, porém de uso frequentíssimo. É raro encontrar-se uma palhoça, por mais miserável que seja, que, em falta de maqueira, não tenha um desses bancos para oferecer aos seus hóspedes. Há alguns deles monstruosos e outros que são como miniaturas de bancos, porém os de mediana grandeza podem custar de [novecentos a mil réis]”.
ONÇAS, VEADOS, ISQUEIROS
Mais produtos continuam a ser relacionados por Gonçalves Dias:
“Peles de onça, ditas de peixe-boi, ditas de veado, boi e cabra; estopa de Castanheiro, betas [?] de piassaba, sobre-cordalhas, corda de curauã, curauã de comércio, piassaba em rama, cipó uambé, feijão de Borba, milho de Maués, línguas de pirarucu (serve para grosa), escamas do dito (serve para lixa), mandubi [peixe do Amazonas], tauari em rama (branco), dito em rolo (vermelho), cuias, abanos, cera de abelha, favas de cumandauassé [?], maugarataia [?], batata doce, pajurá (para comer, dito coró; o caroço para tinta), pacova do mato, para grude e laçar; isca de tracuá”.
Esta última merece de Gonçalves Dias dois parágrafos de explicação.
“Hábil em fazer fogo, que é a grande dificuldade da vida selvática, o nosso índio prepara o isqueiro, de que andam por via de regra munidos, com algodão em rama, cordas, trapos e outras matérias, mas, sempre que o podem conseguir, preferem a isca de tracuá (amostra que acompanha um isqueiro da terra)”.
“Tracuá é a formiga que prepara essa matéria. Encontram-se esses ninhos em maior abundância e porventura de melhor qualidade no Solimões, donde vêm para o Rio Negro. Têm muito consumo porque o índio, tendo quase sempre necessidade de acender o fogo ao ar livre, mesmo em suas casas prefere com sobeja razão o isqueiro ao fósforo”.
Dito isso, continua o Relatório a discriminar os produtos do Amazonas: “vassouras, peixe-boi seco, colher de molongó (mulungu), ditas diversas, hiapuá (mandioca do mato, para fazer goma; outros a comem também desfeita em farinha, tendo o cuidado de lavar a massa repetidas vezes em muitas águas), carás diferentes, cauixi”.
Cauixi, esclarece Gonçalves Dias, “é a matéria que no Rio Negro e em outros, mas só nos de água preta, se aglomera nas raízes das árvores das margens desses rios. O cauixi apresenta a forma de esponja e tem propriedades cáusticas. Os naturais utilizam-se da cinza do cauixi para fabricarem louça misturando-o com argila”.
GESSO, GARRAFAS, EMBAÚBA
A relação continua: “gesso cristalizado, garrafas de cumatê (tinta), crajurá (tinta), mexira de peixe-boi, ananás silvestre, mel de cana, dito de abelha, jalea de cubio [?], doce de figo, dito de caju, fava de baunilha, bengala de muirapinima, régua de saboarano, dita de pão cruz, dita de muirapiranga, facas de muirapinima, um toro de guariuba (tinta amarela), caju silvestre, cascos de tartaruga, ditos de jabuti, ditos de matá-matá, chapéu pequeno boliviano (usam semelhantes a esses no Rio Negro, para chuva), castanha de caju, pelo de tamanduaí, uarumá (de que fazem paneiros, balaios, etc), uru, fava branca, breu natural, dito de frecha, sementes de copaíba, cola de bucho de piraíba, paliteiro de muiracoatiara, maços de cigarros de tauari, cera de embaúba”.
A embaúba, acrescenta o Relatório, “abunda extraordinariamente nas ilhas e margens do Amazonas, Solimões, Madeira e outros rios. Uma pequena abelha faz o cortiço, de preferência na parte superior da árvore, e produz cada um oito litros de cera”.
E continua: “A dificuldade de transporte do litoral do Peru para o interior, além dos Andes, obrigou os habitantes dessa parte do país a lançarem mão da cera de embaúba, que foi extraída em grande escala até estabelecer-se a navegação a vapor do Amazonas. A liberdade que se concedeu aos índios já havia enfraquecido a produção de cera. Pelo Amazonas, a cera preparada na Europa chega mais barata do que a que se prepara no país, onde há gêneros que sem trabalho dão preços extraordinários”.
Mais produtos embarcados para a Exposição do Rio de Janeiro: “manteiga de cacau, vainas [?] de mate, uma cobra de muirapinima, casca de cumatê, pão de cumatê, milho d’Angola, talo de miriti (vai só um talo do leque partido em pedaços, para facilidade de remessa)”.
“Da casca do talo [de miriti]”, informa Gonçalves Dias, “se fazem venezianas e tupês, ou esteiras, que têm a vantagem de ser de trabalho rápido, levíssimas e de tomar lustro com facilidade. Da medula fazem rolhas e afiadores de navalhas. Do talo inteiro se podem fazer, como em outras províncias do Império, excelentes jangadas e embonos [?] para embarcações. Do grelo do miriti fabricam-se maqueiras. O processo consiste em colher o grelo verde; põe-se logo de molho, bate-se depois, extrai-se a fibra, fia-se e tece-se”.
“O fruto, excessivamente oleoso, mas inocente, é gênero alimentício”, continua, “que em outras províncias mata a fome à pobreza durante alguns meses do ano. Os que, por algum tempo, fazem uso excessivo desta polpa tomam uma cor amarelada, como os que sofrem de icterícia, mas nem por isso gozam de má saúde. Da polpa fazem tijolos para guardar e transportar, quando a não comem ou simples, ou com farinha, ou desfeita em água. A utilidade desta planta acresce neste caso à beleza de seu porte. O miriti é uma das mais belas entre as monocotilidoneas”.
Finalmente, mais uma dúzia e meia de produtos são relacionados no documento escrito por Gonçalves Dias: “tatacajuba (galho e rama e uma sola curtida com ela), feijão do Rio Negro, casca de caraipé, fava de baunilha dos Purus, um perfumador de barro, uma colher de pau, trabalho de lã e croché das alunas da professora de Manaus Libânia Teodora Rodrigues Ferreira, folhas de caroá, ditas de ananás silvestre (vai em porção para que delas se possa extrair a fibra), pele de lontra, temiana de Manaus (composição de raízes e plantas aromáticas de que as mulheres fazem uso), duas mesas de saboarana, uma arroba de fumo de Borba, uma garrafa de cachaça do Paraná da Eva e duas ditas de aguardente”.

Eis aí um belo retrato, embora parcial, da economia amazonense em meados do século 19. Não havia agricultura, nem pecuária, nem indústria, estrito senso. Havia extrativismo. Naturalmente, alguns serviços (embora não pudessem amostras deles ser embarcadas para o Rio de Janeiro). Sem que Gonçalves Dias, em seu Relatório, faça menção disso, também havia no Amazonas governo e, claro, empregos públicos.

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