quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Ainda sobre Limoeiro (PE)

Gustavo Maia Gomes
Limoeiro, no Agreste de Pernambuco (que Lourdes Barbosa, seu sobrinho Antônio, e eu visitamos nos dias 29 e 30/8), já viveu dias mais prósperos. Na cidade, é possível identificar construções significativas datadas do início do século 20. Além disso, as estatísticas mostram que a economia limoeirense cresceu em importância regional entre os anos 1920 e 1959. Infelizmente, a tendência foi revertida e o panorama atual não é bom.
Duas atividades econômicas moviam Limoeiro, até os anos 1960: o algodão e a pecuária. As hoje abandonadas instalações da Irodusa (descaroçadora de algodão, fundada em ano próximo a 1940) indicam que a primeira delas atingiu dimensão bastante grande. O trem, que funcionou por um século e cuja primeira viagem aconteceu em 1882, tinha no transporte do ouro branco sua principal razão de ser.
Ocorre que o algodão nordestino entrou em crise já nos anos 1960, devido à concorrência de São Paulo (intensificada com a abertura
das rodovias ligando o Sudeste ao Nordeste) e foi ao colapso, vinte anos mais tarde, devido à praga do bicudo. Limoeiro, como não podia deixar de ser, sentiu o golpe. A pecuária, atividade em que a família Heráclio do Rego se destacou, desde os anos 1940, ainda existe, mas não pode, sozinha, sustentar um desempenho econômico satisfatório do município.
De modo que Limoeiro, vive, hoje, do governo, de programas como o Bolsa Família, do comércio remanescente, e de umas poucas indústrias modernas. Não dá sinais claros de ter-se beneficiado à larga dos anos de populismo petista que, em tantas outras cidades do Semiárido nordestino, gerou uma feliz, porém insustentável, prosperidade.
Um indicador sutil do declínio pode ser a indiferença da população com respeito à própria história. Relatei em outra postagem neste mesmo lugar ("Meu limão, meu limoeiro", 1/9) como ninguém sabia, nas ruas de Limoeiro, quem tinha sido o coronel Chico Heráclio. "Ninguém" não é a palavra correta: um doidinho sabia.

(Publicado no Facebook, 2/9/2015)

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