quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Washington Luís (1928) e o Brasil de Dilma (2015)

Gustavo Maia Gomes

Na Mensagem ao Congresso Nacional de 1928, o então Presidente Washington Luís Pereira de Sousa (1869-1957) escreveu:
“Rumores correm de novos movimentos sediciosos. Simples atoardas. Não há, não pode haver revoluções ou revoltas no país. Não existem para isso nem ambiente nem elementos. O povo está satisfeito. Podemos considerar encerrado o período de motins e rebeldias.”
Continuava o Presidente: “Reina a ordem constitucional, garantindo todas as liberdades. A [economia] retorna à prosperidade [e aos] orçamentos equilibrados. A ordem político-administrativa inspira confiança. A ordem judiciária impõe respeito. O Brasil caminha para seus destinos.”
Dois anos e meio depois, um movimento sedicioso derrubou Washington Luís. Houve revoluções e revoltas em profusão. O povo não estava satisfeito, tanto que apoiou a revolução de Getúlio Vargas. Longe de encerrado, o período de motins e rebeldias teria novos episódios importantes em 1930, 1932 e 1935.
A ordem constitucional deixou de reinar de 1930 a 1945 (com um hiato em 1934-37). A ordem econômica desandou na maior crise de toda a República. Os orçamentos equilibrados desapareceriam por longos anos. Na ordem político-administrativa, brasileiro nenhum teria confiança, até que aquele Presidente fosse expulso. A ordem judiciária, ao invés de impor respeito, foi desrespeitada.
Ou seja, tudo o que Washington Luís previu ou asseverou, a realidade desmentiu. Com uma exceção, talvez.
“O Brasil caminha para seus destinos”, disse ele.
Se desemprego, inflação, discursos presidenciais desconexos, dólares na cueca, mensalões, petrolões, zé dirceus, lulas e lulinhas fossem os “destinos” para os quais o Brasil caminhava, não é que o homem estava certo?

(Publicado no Facebook, 16/9/15)

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