segunda-feira, 31 de julho de 2017

Desconhecidos de San Telmo

Gustavo Maia Gomes

Ocorreu-me fazer, em Buenos Aires – mais precisamente, no Mercado de San Telmo – o que nunca havia feito antes, em lugar nenhum: examinar montanhas de fotografias de gente, para mim, desconhecida. E comprar, por míseros dois pesos, as que me pareceram mais significativas. Pensava em escrever sobre as pessoas que elas retratam. Para quê? Não sabia. Nem sei.
Umas poucas fotos contêm lacônicas anotações. Com os nomes dos personagens: “A mi inolvidable amigo H. Sottocorno. Eduardo Blanco, 11/1/44”; “Carinhosamente a tia y primitos, Iruna, 7/26/49”. Com indicações de lugar e data: “Mar del Plata, 1939”; “Lucerna (Suiza), 3/9/1953. Sobre el puente”. Declarando apenas a data, completamente especificada: “18/6/39”, “Lunes, 24-12-1951”; ou limitada ao ano: “1936”, “1939”.
Publico essas fotos como um tributo. Por trás das imagens, em algum momento, em algum lugar, houve pessoas. Pela idade que aparentavam nos anos declarados, já devem estar mortas. Ademais, viveram, provavelmente, na Argentina, a seis mil quilômetros de onde me encontro agora. Não sei que significação tais pessoas poderiam ter para mim. De alguma forma, entretanto, passaram a ter.
Saudações, Iruna, Eduardo Blanco, 1936, 1939...

(Publicado no Facebook em 28/7/2017)
No verso: “A mi inolvidable amigo H. Sottocorno. Eduardo Blanco, 11/1/44".

No verso: “Carinhosamente a tia y primitos, Iruna, 7/26/49”.

No verso: "18/6/39".

No verso: "Mar del Plata, 1939".

No verso: “Lucerna (Suiza), 3/9/1953. Sobre el puente".

No verso: "Lunes, 24/12/51".

Apenas "1936".

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