segunda-feira, 31 de julho de 2017

São iguais todos os ratos?

Gustavo Maia Gomes

Aconteceu num aeroporto. O alto falante berra:
— José da Silva. Voo para Miami. Compareça ao portão 6. Embarque imediato. Última chamada.
Não era a última chamada. Poucos minutos depois, a mesma voz estridente:
— José da Silva. Voo para Miami. Compareça ao portão 6. Embarque imediato. Última chamada.
E assim por mais duas ou três vezes. Foi quando percebi que o tal José da Silva estava sentado ao meu lado. Não me contive:
— Estão lhe chamando.
— Eu sei.
— Não vai?
— Não.
Achei estranho, mas permaneci calado. Foi ele quem completou.
— Eu não queria ir. Os amigos me convenceram. Disseram que lá é bom, que Mickey Mouse mora perto, que todo mundo vai.
— E então?
— Eu estava aqui me sentindo um imbecil. O Brasil está cheio de ratos. Eu lá preciso pegar um avião para ver um deles? Desisti.

(Publicado no Facebook em 17/7/2017)

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