terça-feira, 11 de outubro de 2011

Turismo reduz desigualdades regionais

Gustavo Maia Gomes




Em um artigo ainda inédito em papel, mas já disponível na internet, os professores Eduardo Haddad, Alexandre Porsse e Wilson Rabahy, da Universidade de São Paulo, calcularam os impactos regionais do turismo doméstico no Brasil. (Veja a referência completa do artigo no final deste texto.)

É um trabalho metodologicamente sofisticado mas que, em essência, pretende responder a uma questão simples: considerando os gastos dos brasileiros nas suas viagens de turismo pelo país, que regiões recebem (liquidamente) recursos de outras?. Ou, em termos ainda mais simples, embora imprecisos: os turistas vindos de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais gastam mais (ou menos?) dinheiro aqui do que os nordestinos em visita ao Sudeste?

Com a palavra os pesquisadores da USP: “quase 20% das viagens domésticas para finalidades do turismo tiveram estados do Nordeste como destinos finais” (Em 2007, dados mais recentes). Os visitantes gastaram nesta região quase um terço do que todos os turistas dispenderam em todo o Brasil, percentagem muito superior à participação do Nordeste no produto interno bruto brasileiro, próxima a 13%. Prosseguem eles: “a região principal da origem dos viajantes foi o Sudeste, cujos residentes foram responsáveis por 54% das despesas totais dos turistas no país”.

Embora esses dados simples já evidenciem que o turismo doméstico se constitui um importante canal de transferências da renda das regiões mais ricas para as mais pobres, o trabalho de Haddad e seus colaboradores não para aí. Utilizando técnicas de insumo-produto (uma ferramenta conhecida dos economistas), eles tentam calcular os efeitos cruzados destes fluxos regionais. Concluem que “a interação entre despesas turísticas domésticas e a interdependência interregional contribui para reduzir a desigualdade regional no Brasil”.

Boa notícia.



Referência: Eduardo Haddad, Alexandre Porsse e Wilson Rabahy, “Domestic tourism and regional inequality in Brazil”, Universidade de São Paulo, agosto 2011. (Aceito para publicação na revista Tourism Economics, n. 2013).

Publicado também em www.blogdatametrica.com.br

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