quarta-feira, 3 de outubro de 2018

CARTAS AOS PARAIBANOS E OUTRAS NOTÍCIAS DE LÁ

CARTAS AOS PARAIBANOS
Gustavo Maia Gomes
João Pessoa, 28-9-2018
A sede dos Correios e Telégrafos da Paraíba, cuja construção, entre 1921 e 1924, foi comandada por Cornélio Otto Kuhn (1872-1946), irmão de minha bisavó, na ascendência materna, é realmente enorme, elegante, espaçoso e bonito. Ele foi inaugurado em 1927. Seu tamanho suscita a pergunta sobre o número de cartas que os paraibanos esperavam receber ou expedir, nos anos à frente. Eles deviam ser muito otimistas.
De tão grande, me parece, a sede dos Correios deve ter permanecido sempre subutilizada. Tanto que, em 2000, parte substancial de suas instalações foi cedida para uso da Prefeitura, que logo mudou o nome do lugar para Paço Municipal. Agora, sim. Pois, se o tamanho dos Correios depende, em teoria, do número esperado de cartas, o da prefeitura, qualquer que ela seja, será sempre maior, amanhã, do que o mais arrojado observador poderá imaginar, hoje.
Cornélio Otto deixou a obra nas etapas finais de sua construção, provavelmente, pelo agravamento de seus problemas de visão, que o deixariam cego, um pouco depois. Foi substituído por Inaldo de Carvalho Tupper, seu auxiliar, que também pediu para sair, faltando poucas semanas para a inauguração.
O magnífico edifício dos Correios e Telégrafos na Paraíba – hoje, Paço Municipal – fica na esquina das avenidas Guedes Pereira e Beaurepaire-Rohan, ladeando a Praça Pedro Américo, no centro de João Pessoa. A praça tem, em seu entorno, outros belos edifícios.

O QUARTEL
Gustavo Maia Gomes
João Pessoa, 29-9-2018
“O engenheiro militar major Cornélio Otto Kuhn chegou à Paraíba, acompanhado do primeiro tenente Inaldo de Carvalho Tupper. (...) Vem tratar da construção do novo quartel do Vigésimo Segundo Batalhão de Caçadores, que ficará situado em Cruz das Armas”, noticiava o Diario de Pernambuco, em dia próximo a 19 de novembro de 1920
O mesmo jornal informava, dois meses e meio depois, que a construção prometida se havia iniciado: “Teve lugar ontem no bairro de Cruz das Armas o lançamento da pedra fundamental do quartel do 22 Batalhão de Caçadores”.
Dizia, ainda, que as instalações ocupariam “uma área de 33 mil metros quadrados e o edifício terá quatro pavilhões de 80 metros de frente, sendo observados na sua construção os modernos princípios de higiene”.
As obras terminaram em 1925 e o quartel de Cruz das Armas ainda está lá, como Lourdes Barbosa e eu pudemos constatar. Seus ocupantes, entretanto, mudaram de nome já por duas vezes: em 1941, o 22 Batalhão de Caçadores virou o 15 Batalhão de Infantaria Motorizada.
Em 1965, esse último foi oficialmente denominado Regimento Vidal de Negreiros, “numa homenagem ao ilustre paraibano herói das batalhas dos Guararapes (1648-1649)”.
Ele não foi concluído por Cornélio Otto, entretanto. Possivelmente, devido ao agravamento dos problemas de visão, em agosto de 1924 o (então) tenente-coronel solicitou dispensa e retornou ao Rio de Janeiro, onde morava permanentemente.

BELEZAS PARAIBANAS
Gustavo Maia Gomes
João Pessoa, 29-9-2018
Uma das coisas que Lourdes Barbosa e eu aprendemos em nossas viagens para lugares próximos ou distantes foi a valorizar em cada local visitado seus pontos estética, histórica, arquitetônica ou culturalmente valiosos. Todas as cidades os têm, embora nem sempre eles sejam badalados.
Assim foi com João Pessoa. Embora meu interesse principal fosse ver e fotografar o prédio dos Correios e o quartel do Vigésimo-Segundo Batalhão de Caçadores, construídos por meu tio-bisavô Cornélio Otto Kuhn nos anos 1920, tivemos tempo de apreciar outros locais interessantes.

OS ÓCULOS
Gustavo Maia Gomes
(João Pessoa, 30-9-2018)
Por trás dos óculos tinha uma mulher
tinha uma mulher por trás dos óculos
tinha uma mulher
por trás dos óculos tinha uma mulher.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que por trás dos óculos
tinha uma mulher
tinha uma mulher por trás dos óculos
Por trás dos óculos tinha uma mulher.
...
(Troquei as pedras que dificultaram o andar de Drummond — a quem agradeço o empréstimo — pelos óculos que alegram o passar da minha vida.)

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