quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

MINISTROS E MINISTROS

Gustavo Maia Gomes
Recife, 3-1-2019
Ontem foi um dia de ministros tomando posse. Destaco quatro deles: Paulo Guedes, Augusto Heleno, Ernesto Araújo e Ricardo Velez. Gostei muito do que disseram os dois primeiros (Economia e Segurança Institucional). Gostei pouco, ou nada, das manifestações dos titulares das Relações Exteriores e da Educação. Como, a curto e médio prazos, o sucesso ou insucesso do governo será medido pelo desempenho da economia, no conjunto, fiquei satisfeito com o que vi e ouvi.
PAULO GUEDES, em pronunciamento notável, pôs em realce o recorrente e jamais resolvido problema fiscal brasileiro, que ele julga ser a raiz de todas as nossas crises econômicas. Adiantou que os pilares da sua estratégia serão a reforma da Previdência, as privatizações e a simplificação tributária. Trata-se de um chamado ao bom senso, após o desvario iniciado no segundo governo Lula e continuado pela Mulher Sapiens. Reviravolta que, sob condições políticas desfavoráveis, já havia sido iniciada pela equipe do ex-presidente Michel Temer.
AUGUSTO HELENO, o general, (em entrevista ao Globo News) falou sobre a segurança do presidente, a inteligência (coleta e análise de informações), o “fim do socialismo” a que se referiu Jair Bolsonaro, as reservas indígenas e outras coisas. Pressionado pelos jornalistas, como sempre, predispostos contra ele, respondeu brilhantemente a todas as perguntas, incluindo aquelas sobre assuntos delicados que nem são de sua área específica.
ERNESTO ARAÚJO, o chanceler, começou falando grego, emendou com tupi-guarani, citou Cervantes, Renato Russo e Raul Seixas; falou em Deus, em “globalismo” e terminou compondo um samba do crioulo doido. Pareceu mais doutrinador que diplomata. Deu ideias gerais sobre o que pretende a fazer no Ministério. Se o entendi bem, já que não falo grego nem tupi, retirará o apoio do Brasil às ditaduras cubana e bolivariana. Promoverá os interesses comerciais do nosso país sem predeterminações ideológicas. Palmas para ele. Tomara que tenha tempo de fazer isso, mesmo estando tão ocupado com a coleta de citações eruditas para seu próximo discurso.
RICARDO VELEZ, discípulo do suposto filósofo Olavo de Carvalho (assim como Ernesto Araújo), confirmou o que já havia dito o presidente Bolsonaro: a prioridade será a educação básica. Mas não foi convincente quanto aos meios de implementar essa diretriz. Também mais afeito às grandes ideias do que à merenda escolar, introduziu a seguinte frase em seu discurso: "Combateremos o marxismo cultural, hoje presente em instituições de educação básica e superior. Trata-se de uma ideologia materialista alheia aos nossos mais caros valores de patriotismo e de visão religiosa do mundo".
Também sou antimarxista. Se por “combater o marxismo cultural” Velez entende difundir as bases de outra visão do mundo, muito bem, pois essa não poderá deixar de ser uma batalha ideológica. Se, entretanto, o seguidor do Pornográfico de Carvalho pretende ressuscitar a Santa Inquisição, torço para que arranje logo outro emprego. No Arcebispado, talvez.

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