quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

COMO IR E VOLTAR, NO RIO DE JANEIRO, EM 1900

Gustavo Maia Gomes
Recife, 23-12-2018
Cornelio Otto Kuhn (1872-1946), meu tio-bisavô na ascendência materna, nasceu no Recife, mas se mudou, em 1890, para o Rio de Janeiro, a fim de estudar na Escola Militar da Capital. Ele estava lá em 1894, quando José do Patrocínio (1853-1905), jornalista e abolicionista, trouxe de Paris o primeiro automóvel jamais visto na cidade, um triciclo Serpollet.
Mas, não é de Cornélio e sim de Luiz Edmundo (“O Rio de Janeiro do meu tempo”, segunda edição, Rio de Janeiro, Conquista, 1957) que desejo falar agora. O “meu tempo” do autor é 1900. Já me referi ao livro, em postagem anterior (21-10). Ali, falei sobre os tipos humanos de rua. Agora, destaco os meios de transporte.
“O Rio de Janeiro do meu tempo”, publicado originalmente em 1938, caiu no esquecimento. Grande injustiça. Nele, Luiz Edmundo escreve a história de uma forma magistral. Foca nas pessoas, nos tipos de gente, nos meios de transporte, nas ruas, nos cafés, nos jornais, nos pontos de encontro, nos morros. O recurso de ilustrar a obra com uma profusão de desenhos feitos pelos melhores cartunistas da época lhe aumenta em muito o valor. É um livro fascinante.
Estou lendo ou relendo essas descrições do velho Rio de Janeiro porque muitos parentes de gerações anteriores se mudaram de Pernambuco, Alagoas e Bahia para a capital federal. Não apenas Cornelio Otto. Há outros, que serão apresentados no meu próximo livro, “Uma Noite em Anhumas”.
Eu tento, com as leituras, recuperar um pouco do que eles viram, sentiram e viveram na grande cidade. Tomara que o consiga.

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