sexta-feira, 16 de agosto de 2019

THÉO ENCONTRA ÉLIDE

Gustavo Maia Gomes
A forte atração pelos folguedos populares, principalmente os encenados nas casas-grandes das fazendas, levava o menino Théo Brandão a deixar Maceió nas férias escolares para ficar com o tio, Olegário Vilela, no engenho Boa Sorte, em Viçosa (AL).
Foi numa dessas férias que ele conheceu Élide Bahia de Almeida. Era o carnaval de 1921 e Théo estava com o amigo Djalma Loureiro quando avistou uma moça fantasiada de Pierrô Negro prestes a entrar no único cinema da cidade. Perguntou:
– Djalma, quem é aquela menina?
– Por que você quer saber?
– Estou achando-a tão bonita.
– Eu também acho, mas ela é danada –, disse o amigo, revelando ciúmes.
Théo fingiu não entender e começou a namorar Élide, filha de Olímpio Almeida, comerciante, e de Aládia Bahia de Almeida, a quem meu pai, Mauro Bahia de Maia Gomes, sempre se referia como “Tia Mocinha”. Os primeiros encontros ocorreram na pracinha de Viçosa. Mas, as férias terminaram e o rapaz retornou a Maceió, enquanto Élide foi enviada para o Recife, a fim de estudar em regime de internato.
Restou-lhes trocar cartas e se verem muito pouco, no longo período (1924-29) em que Théo esteve na Bahia e no Rio de Janeiro cursando e se formando em Farmácia e em Medicina. Terminado o curso médico (1929), o agora doutor estava de novo em Alagoas. Foi procurar o pai da namorada, que então morava na Praça Sinimbu (região central de Maceió), numa casa ainda existente que eu visitei mais de uma vez. Queria tratar do casamento. Mas, ouviu isso:
– Meu jovem, quando uma filha minha entra nos estudos, só sai depois de formada.
E então, sem confrontar o futuro sogro, mas para ficar perto da noiva nos fins de semana, Théo montou consultório no Recife e aqui trabalhou (1930-32), até que Élide concluiu sua instrução formal no Colégio Nossa Senhora do Carmo. O casamento foi realizado na Igreja do Livramento, em Maceió (1935).
Tiveram quatro filhos: Walter, Vólia, Vera e Válnia. Theotonio Vilela Brandão faleceu no dia 29 de setembro de 1981. (Tinha nascido em 1907.) Élide viveu mais alguns anos (ainda não consegui saber quantos), continuando a morar no sítio do casal na praia de Jatiúca, Maceió.
PS. Élide faleceu em 1992, segundo me informou nos comentários sua neta Vólia Brandão de Lavanère Machado.
Referência:
“A forte atração pelo folclore o levou a conhecer a esposa Élide”, Tribuna de Alagoas (Especial Théo Brandão), Maceió, 26/1/1982. Em Arquivo Digital do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular.

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